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Gaspar, Melchior e Baltasar – Reis Magos

Reis MagosOs ascendentes dos três Reis Magos e a viagem destes a Belém.

(Relato da Beata Anna Catharina Emmerich, freira alemã estigmatizada).

Um dos fatos mais maravilhosos da vida do Divino Salvador é a vinda dos três Reis Magos ao presépio.

Surge a pergunta: Como foi possível que três homens de alta posição, com numerosa comitiva, vindos de terras longínquas, chegassem guiados por uma estrela ao presépio de Belém?

Para explicação cita-se geralmente o trecho do livro Números 24, 17; “Uma estrela sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que esmagará os príncipes de Moab.”

Certamente é este trecho de importância e sem dúvida o conheceram os pontífices dos judeus, melhor do que os chefes das tribos longínquas dos gentios. Contudo, não vieram aqueles ao presépio, mas estes últimos.


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Logo, não bastava só a estrela, para levá-los lá, faziam-se precisas outras previdências divinas, milagrosas.

Quais foram estas, conta-nos a pobre camponesa de Flamske (Beata Anna Catharina Emmerich):

“Os antepassados dos três Reis Magos descendiam de Jó, que outrora vivera no Cáucaso. Um discípulo de Balaão anunciara ali a profecia deste, de que apareceria uma estrela de Jacó. Essa profecia achou larga aceitação. Construiu-se uma torre alta, numa montanha. Muitos sábios e astrônomos viveram ali alternadamente; tudo que notavam nos astros, escreviam e ensinavam a todos.

Os chefes de uma tribo da terra de Jó, numa viagem ao Egito, na região de Heliópolis, receberam por um Anjo a revelação de que o Salvador nasceria de uma Virgem e seria adorado pelos seus descendentes. Eles mesmos deviam voltar e estudar os astros. Esses Médos começaram então a observar as estrelas. Diversas vezes, porém, caiu esse estudo em esquecimento, por causa de vários acontecimentos. Depois começou o abominável abuso de sacrificarem crianças, para que a criança prometida viesse mais depressa.

Cerca de 500 anos antes do nascimento de Jesus, estava esse estudo dos astros também em decadência. Existia, porém, a descendência daqueles chefes, constituída por três irmãos, que viviam separados, cada um com sua tribo. Tiveram três filhas, às quais Deus deu o dom de profecia, de modo que ao mesmo tempo percorreram o país e as três tribos, profetizando e ensinando sobre a estrela de Jacó. Então se renovou nessas três tribos o estudo das estrelas e renasceu o desejo da vinda do Menino prometido.

Desses três irmãos descenderam os Reis Magos em linha direta, por 15 gerações, após 500 anos; mas, pela mistura com outras raças, eram de cores diferentes. Desde o princípio desses 500 anos, ficavam sempre alguns dos antepassados dos Reis num edifício comum, para estudarem os astros; conforme as diversas revelações que recebiam, mudavam certas coisas nos templos e no culto divino. Infelizmente continuou ainda entre eles, por muito tempo, o sacrifício de homens e crianças.

Todas as épocas que se referiam à vinda do Messias, conheciam-nas em visões milagrosas, ao observar as estrelas. Desde a Conceição de Nossa Senhora, portanto há 15 anos, essas visões mostravam, cada vez mais distintamente, a vinda da criança. Por fim viram até muitas coisas que se referiam à paixão de Jesus.
Podiam calcular bem o tempo da estrela de Jacó, que Balaão predissera. (Núm. 24, 17); pois viram a escada de Jacó e, segundo o número dos degraus e a sucessão das imagens que nestes apareciam, podiam calcular, como num calendário, a proximidade da Salvação; pois o cume da escada deixava ver a estrela ou a estrela era a última imagem dela.

Viam a escada de Jacó como um tronco, que tinha três séries de escalões cravados em roda; nestes aparecia uma série de imagens, que viam também nas estrelas, no tempo da sua realização. Dessa maneira sabiam exatamente que a imagem havia de aparecer e conheciam, pelos intervalos, quanto tempo haviam de esperá-la.

Lembro-me de ter visto, na noite do nascimento de Jesus, dois dos Reis na torre. O terceiro, que vivia a leste do Mar Cáspio, não estava com eles; viu, porém, a mesma visão, à mesma hora, na sua terra.
A imagem que reconheceram, apareceu em diversas variações; não foi numa estrela que a viram, mas numa figura composta de um certo número de estrelas. Divisaram, porém, sobre a lua um arco-íris, sobre o qual estava sentada uma virgem; à esquerda desta, aparecia no arco uma videira, à direita um molho de espigas de trigo.

Vi aparecer diante da Virgem a figura de um cálice ou, melhor, subir ou sair-lhe do esplendor; saindo desse cálice, apareceu uma criancinha e, sobre esta, um disco luminoso, como um ostensório vazio, do qual emanavam raios semelhantes à espigas. Tive nisso a impressão do SS. Sacramento.

Do lado direito da criancinha, que subia do cálice, brotou um ramo, no qual desabrochou, como uma flor, uma igreja octogonal, que tinha um portão grande e duas portas laterais. A Virgem moveu com a mão o cálice, a criança e a hóstia para cima, colocando-as dentro da Igreja e a torre da Igreja levantou-se-lhe por cima e tornou-se por fim uma cidade brilhante, assim como representamos a Jerusalém celeste. Vi nessa imagem muitas coisas, como procedendo e desenvolvendo-se umas das outras.

Os Reis viram Belém como um belo palácio, como uma casa na qual se junta e se distribui muita bênção. Lá viram a Virgem SS., com o Menino, rodeada de muito esplendor e muitos reis se inclinarem diante dele, oferecendo-lhe sacrifícios. Tomaram tudo como realidade, pensando que o rei tinha nascido em tal esplendor e que todos os povos se lhe haviam submetido; por isso foram também lhe oferecer os seus dons. Havia um grande número de imagens naquela escada de Jacó. Vi-as todas aparecer nas estrelas, no tempo do seu cumprimento.

Naquelas três noites, os três Reis Magos viram continuamente essas imagens. O mais nobre entre eles mandou então mensageiros aos outros e, quando viram a imagem dos reis que ofereceram presentes ao Rei recém-nascido, puseram-se também a caminho, com riquíssimas dádivas, para não serem os últimos. Todas as tribos dos astrônomos viram a estrela, mas só aqueles a seguiram.

Alguns dias depois da partida dos reis, vi Theokenos, com o seu séquito, juntar-se aos grupos de Mensor e Sair; Theokenos não tinha estado antes com estes últimos. Cada um dos Reis tinha no séquito quatro parentes próximos da tribo, como companheiros.

A tribo de Mensor era de cor agradável, pardacenta; a de Sair parda e a de Theokenos de cor amarela, brilhante.
Mensor era Caldeu; depois da morte de Jesus, foi batizado por S. Tomé e recebeu o nome de Leandro. Sair teve o batismo de desejo; não vivia mais, quando Jesus foi à terra dos Reis Magos. Theokenos veio da Média e era o mais rico; foi batizado e chamado Leão por S. Tomé.

Deram-se aos Reis Magos os nomes de Gaspar, Melchior e Baltasar, porque estes nomes lhes designam o caráter: Gaspar – Vai com amor. Melchior – Aproxima-se humildemente. Baltasar – Age prontamente, conformando a sua vontade com a de Deus.

O caminho para Belém era de mais de 700 léguas: fizeram-no em 33 dias, viajando muitas vezes dia e noite. A estrela que os guiava, era como um globo brilhante. Um jorro de luz emanava dela sobre a terra. Vi finalmente chegarem os Reis à primeira vila judaica. Ficaram, porém, muito acabrunhados, porque ninguém sabia coisa alguma do Rei recém-nascido.

Quanto mais se aproximavam de Jerusalém, tanto mais tristes ficavam, pois a estrela se tornava muito menos clara e brilhante e na Judéia a viram raras vezes. Quando pararam, fora de Jerusalém, desaparecera totalmente. Falaram da estrela e da criança recém-nascida, ninguém quis compreendê-los; por isso, tornaram-se ainda mais tristes, pensando que se tinham enganado”.

Anna Catharina descreve ainda a admiração e sensação que a caravana dos Reis Magos causou na cidade; como Herodes, alta noite, mandou chamar Theokenos ao palácio e convidou os Reis a virem apresentar-se na manhã seguinte.

Herodes enviou alguns criados a chamarem os sacerdotes e escribas, que se esforçaram por sossegá-lo. Ao nascer do dia, se apresentaram os Reis a Herodes e perguntaram-lhe onde estava o novo rei dos judeus, cuja estrela tinham visto e ao qual tinham vindo adorar. Herodes ficou muito inquieto, informou-se mais sobre a estrela e disse-lhes que a profecia se referia a Belém Ephrata; aconselhou-os a irem silenciosamente a Belém e voltarem depois a informar-lhe, pois que também queria adorar o Menino.

Vi sair de Jerusalém a caravana dos Reis. Vendo de novo a estrela, deram um grito de alegria. Ao cair da noite, chegaram a Belém; então desapareceu a estrela. Muito tempo ficaram diante das portas, duvidando e hesitando, até que viram uma luz brilhante, ao lado de Belém. Então tomaram o caminho para o vale da gruta, onde acamparam. No entanto, apareceu a estrela por cima do outeiro da gruta e uma torrente de luz caiu verticalmente sobre este.

De repente se lhes encheram os corações de grande alegria, pois viram na estrela a figura luminosa da criança. Os três Reis Magos aproximaram-se da colina; abrindo a porta da gruta, Mensor viu-a cheia de luz celeste e a Virgem sentada lá dentro, com a criança, como a tinham visto nas visões. Anunciou-o aos outros dois.

São José saiu-lhes ao encontro, cumprimentando-os e dando-lhes as boas vindas. Então se prepararam para o ato solene que queriam fazer e seguiram São José.

Dois jovens estenderam primeiro um tapete de pano no chão, até a manjedoura. Mensor e os companheiros entraram, caíram de joelhos e Mensor colocou aos pés de Maria e José os presentes; com a cabeça inclinada e os braços cruzados, proferiu palavras comoventes de adoração. Depois tirou do bolso uma mão cheia de barras do tamanho de um dedo, grossas e pesadas, com um brilho de ouro e pô-las ao lado da criança, nas vestes de Maria.

Tendo se retirado, com os companheiros, entrou Sair com os seus, prostrando-se, com profunda humildade, com os dois joelhos por terra. Ofereceu com palavras tocantes os presentes, colocando diante do Menino Jesus uma naveta de incenso, feita de ouro puro, cheia de pequenos grãos esverdeados de incenso. Ficou muito tempo de joelhos, com grande devoção e amor.

Depois dele se aproximou Theokenos, o mais velho. Ficando em pé, inclinou-se profundamente e apresentou um vaso de ouro cheio de uma erva verde; ofereceu mirra e ficou muito tempo diante do Menino Jesus, em profunda comoção.

Os Reis Magos estavam encantados e repassados de amor e humilde adoração. Lágrimas de alegria caiam-lhes dos olhos; também Maria e José derramaram lágrimas de felicidade. Aceitaram tudo, humildes e gratos; finalmente dirigiu Maria a cada um algumas palavras afáveis.

Após os Reis, entraram também os criados, aproximando-se, cinco a cinco, do presépio; ajoelharam-se em roda do Menino e adoraram-no em silêncio; finalmente entraram também os pajens.

Os Reis Magos voltaram mais uma vez ao presépio, vestidos de amplos mantos, trazendo turíbulos nas mãos; incensaram o Menino, Maria e José e toda a gruta, retirando-se depois, com profunda inclinação. Era esta a cerimônia de adoração entre aqueles povos.

No outro dia visitaram os Reis mais uma vez o Menino e de noite vieram despedir-se. Mensor entrou primeiro. Maria pôs-lhe o Menino nos braços; ele chorou, radiante de alegria. Depois vieram também os outros. Maria deu-lhes o seu véu de presente.

Pela meia noite viram no sono a aparição de um Anjo, avisando-lhes que partissem imediatamente, não tomando o caminho de Jerusalém, mas o do Mar Morto. Com incrível rapidez desapareceram as tendas; e, enquanto os Reis Magos se despediam de São José, já o séquito estava caminhando a toda a pressa, em três turmas, para leste, com rumo ao deserto de Engadi, ao longo do Mar Morto. Vi o Anjo com eles na campina, mostrando-lhes a direção do caminho; de súbito não se avistaram mais.

O Anjo tinha avisado os Reis bem a tempo; pois a autoridade de Belém, não sei se por ordem de Herodes ou por próprio zelo, tinha a intenção de prender os Reis, que dormiam na estalagem, fechá-los, sob a sinagoga, onde havia adegas profundas e acusá-los perante o rei Herodes de desordens públicas.

Mas de manhã, quando se soube da partida dos Magos, estes já estavam perto de Engaddi, e o vale onde haviam acampado estava quieto e deserto como dantes, nada restando do acampamento, fora algumas estacas de tendas e os rastos do capim pisado”.

Em memória da visita dos três Reis Magos ao presépio é que se celebra, todos os anos, a festa de Reis. A Escritura Sagrada chama-os apenas os “Magos”, mas o povo deu-lhes, desde os primeiros tempos, o título de “Reis”, talvez induzido pela profecia de Davi: “Os reis de Tharsis e das ilhas oferecer-Lhe-ão dons; os reis da Arábia e de Sabá trar-Lhe-ão presentes”. (S. 71, 10).

A festa de Reis é uma das mais antigas da Igreja cristã, mais antiga do que a de Natal. É prova de que esse acontecimento fez grande impressão aos amigos de Jesus. Em verdade era um fato maravilhosíssimo virem três príncipes do Oriente, com numeroso séquito, guiados por uma estrela, prestar adoração ao Menino Jesus no presépio, ao passo que Israel não conheceu o seu Senhor.

Só Deus pode criar estrelas e, sobretudo uma estrela que guia homens e pára por cima do presépio: é um milagre grandioso, que só Deus, o Senhor da natureza, pode operar.

Foi, pois, esse acontecimento uma prova de que tinha chegado verdadeiramente o cumprimento dos tempos e de que Jesus era mais do que um homem comum.

A vinda dessa caravana numerosa e estranha devia dirigir os olhares de todo o povo para Belém; tinha todo o cabimento a pergunta: Então chegou o tempo em que deve vir o Messias? Desse modo foram preparadas todas as almas que amavam a Deus, ao reconhecimento de Jesus como Messias; os infiéis, porém, tornaram-se mais culpados.

Trecho do livro Vida Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus.
Obs.: O Filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson foi baseado neste livro.


VIDA, PAIXÃO E GLORIFICAÇÃO DO CORDEIRO DE DEUS
Beata Anna Catharina Emmerich (1774 -1824)
Freira alemã estigmatizada

As Visões da Irmã Ana Catarina Emmerich que ocorreram em sua vida, descrevem com muitos detalhes os sofrimentos e os passos de JESUS que aconteceram na sua vida,na dolorosa paixãoe Ressurreição, fiel a Sagrada Escritura. Destacando nesta narrativa a participação da Virgem Maria nos sofrimentos de seu Filho, dando-nos uma melhor compreensão do porquê Nossa Senhora é chamada muitas vezes de nossa “Co-redentora”.

2 comentários em “Gaspar, Melchior e Baltasar – Reis Magos

  1. Albio Boeing
    3 de janeiro de 2021

    Há alguns anos ganhei de um primo um livro muito grosso e muito velho, escrito em alemão, que vinha passando de pai para filho a mais de um século, e considerado uma Bíblia. Logo vi que Bíblia não era, pois não havia numeração de capítulos e versículos nem qualquer menção à palavra Bíblia. Mas trazia muito claro o nome de ANNA KATHARINA EMMERICH, que eu já conhecia. Além disso eu aprendi alemão na infância. Infelizmente a 2ª Guerra Mundial, – que começou exatamente no dia do meu 5º aniversário – pôs fim aos meus “estudos” de alemão. Mas sobrou o suficiente para entender que o livro contava a Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Sua Mãe Maria Santíssima. Acho que é uma raridade nesses tempos áridos que estamos vivendo.

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