O texto do Evangelho (Jo 10,17-30) apresenta o episódio do jovem rico, oportunidade especial para Jesus esclarecer qual a relação que seus seguidores devem ter com os bens materiais.
Um jovem rico se prostra diante de Jesus e lhe pergunta: “Bom Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” O Jovem não fala de “conquistar, merecer, ter direito”, mas de “herdar” a vida eterna. A herança não se ganha, não se recebe como prêmio, como remuneração por um trabalho, mas é dada gratuitamente.
Embora o jovem rico tenha entendido que a vida eterna é uma herança ele pergunta a Jesus: “O que devo fazer?” Entendeu que não deve somente esperar, que pode abandonar-se à ociosidade, à vida depravada, aos vícios, à imoralidade e tranquilizar-se com o pensamento de que, ao final, receberá da mesma forma a herança.
Mas, afinal, as boas obras são ou não são eficazes para nos adquirir méritos para o céu? Se no fim a herança é concedida a todos, de que adianta manter um comportamento?
Como resposta Jesus o estimula a observar os mandamentos. Muitos cristãos pensam que os mandamentos sejam uma prova, à qual o Senhor submete os homens para testar a sua fidelidade.
A lei de Deus não é um exame severo, mas é a palavra de um Pai devotado que sinaliza para os filhos o caminho da liberdade e da felicidade. Quem os observa não merece qualquer recompensa; deve somente agradecer ao Senhor por ter-lhe permitido descobrir o caminho da vida.
E os que erram o caminho? Já agora são infelizes. Destroem a própria vida e a dos outros. Mas em compensação, se divertem! Em parte, sim, pode até acontecer, mas não vivem em paz nem consigo mesmo, nem com Deus, nem com os outros, nem com o mundo: portanto, não são felizes.
O pecado não é algo a mais, mas algo a menos. Não é uma vantagem, mas um prejuízo; não é uma esperteza, mas uma armadilha para quem o pratica.
O bem cumprido é prêmio para si mesmo, como o mal é um castigo para quem o pratica.
Jesus não acrescenta qualquer outro preceito aos dez mandamentos; simplesmente propõe aderir a uma mentalidade completamente nova, pede a renúncia a qualquer uso egoísta não só do dinheiro, mas de todos os bens.
Não é possível tornar-se discípulo se o coração não estiver desprendido de tudo o que possui: sucesso, diplomas, objetos, amigos influentes, honras, posição de prestígio…
Não se trata de uma convocação para desprazer, ou, pior ainda, para destruir ou amaldiçoar os bens deste mundo, mas uma inspiração para usá-los de uma forma correta, para valorizá-los, no plano de Deus a serviço de quem se encontra necessitado.
Jesus não condena a riqueza, mas a ansiedade de acumular fortunas de forma gananciosa. O ideal do cristão não é a pobreza, a fome, a nudez, mas a divisão fraterna dos bens que Deus pôs a disposição de todos. Pecado não é ficar rico, mas ficar rico só para si.
O jovem rico afasta-se de Jesus angustiado porque não tem coragem de desapegar-se dos bens. Não consegue entender que o coração do homem foi criado para o amor infinito e enquanto permanecer escravo das coisas materiais só lhe restam o desencanto e a infelicidade.
Quanto mais riquezas alguém possui, mais forte se faz sentir a tentação de amarrar o próprio coração aos próprios tesouros, a ponto de se tornarem um obstáculo quase insuperável para quem pretende entrar no Reino dos céus.
“É mais fácil – ensina Jesus – passar o camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar o rico no Reino de Deus”
O desprendimento de tudo o que se possui exige um ato de generosidade tão grande que só mesmo um milagre de Deus nos permite realizá-lo.
Deus abençoe a todos. Pe. José.
Fonte: Celebrando a Palavra – Fernando Armellini – Ed. Ave Maria
Padre, vai servir como texto para os pais da Catequese Familiar. Muito esclarecedor e didático. Parabéns.
Obrigado Fabio pelo apoio, espero que de fato sejam esclarecedores e ajude as pessoas a serem seguidoras de Jesus Cristo. Um abraço Pe. José.
Pe. José, este texto do Evangelho ganhou um significado mais amplo para mim, trouxe coisas novas! Obrigada!
Que Deus continue abençoando-o!