Na VEJA.com:
O papa Bento XVI celebrou nesta quarta-feira (13/fev) sua última missa como papa na Basílica de São Pedro, em Roma. Ele presidiu a missa da Quarta-Feira de Cinzas, marcando o início do período da Quaresma. A homilia teve um tom crítico.
Ele convidou a viver a Quaresma como um tempo para refletir sobre como “o rosto da Igreja é por vezes desfigurado por pecados contra a unidade da Igreja e divisões do corpo eclesiástico”.
O papa também falou em superar o “individualismo e a rivalidade” como um “sinal de humildade”. E destacou que Jesus denunciou “a hipocrisia religiosa” e aqueles que buscam o aplauso e a aprovação do público em vez da simplicidade.
(…) A missa desta quarta foi realizada dois dias depois de Bento 16 surpreender o mundo com o anúncio de que vai renunciar no final deste mês.
A união da igreja foi o foco da missa. “Reúna as pessoas, componha uma assembleia solene, chame os velhos, reúna os jovens, os bebês, deixe o noivo sair de seu quarto e a noiva de seu tálamo”. “A dimensão comunitária é um elemento essencial na fé e na vida cristã.
Cristo veio para reunir os filhos de Deus que estavam dispersos. O ‘nosso’ da Igreja é a comunidade na qual Jesus reuniu todos: a fé é necessariamente eclesiástica. E é importante recordar e viver isso no momento da Quaresma, qualquer um sabe muito bem que o caminho penitenciário não é percorrido sozinho, mas junto com muitos irmãos e irmãs, na Igreja”.
A missa foi acompanhada por cardeais, bispos, monges, frades e peregrinos. A época da Quaresma é marcada pela prática do jejum e atos de penitência por pecados cometidos. Esta é a época mais solene no calendário da Igreja, e termina com a Semana Santa e o domingo de Páscoa.
A ideia inicial era que o pontífice celebrasse a missa de Quarta-Feira de Cinzas na pequena igreja de Santo Anselmo, e depois liderasse uma procissão até a Basílica de Santa Sabina, no monte Aventino, também na capital italiana. Mas os planos foram alterados para que a multidão fosse acomodada na basílica de São Pedro, informou o Vaticano. A mudança também evitou que o papa fizesse o esforço de acompanhar a procissão.
Mais cedo, Bento 16 havia feito sua primeira aparição pública desde o anúncio de sua renúncia. Durante a tradicional audiência geral no Vaticano, em que o papa recebe milhares de católicos de todo o mundo e os saúda em diversas línguas.
O sermão de Bento XVI tratou sobre as tentações a que Jesus Cristo teria sido submetido durante os 40 dias e 40 noites que jejuou no deserto da Judeia, segundo o Evangelho. Durante a catequese, o papa afirmou que renunciou pelo “bem da Igreja”.
No domingo, dia 24, o pontífice fará a última oração Ângelus na Praça São Pedro. A partir da próxima semana, o papa não terá compromissos públicos. Ele entrará em um período de recolhimento espiritual e orações dentro do Vaticano – que terá uma semana de recesso, devido à quaresma, entre os dias 17 e 23 deste mês.
O papa realizará ainda mais uma audiência geral de quarta-feira no dia 27, novamente na Praça São Pedro. No dia 28, Bento XVI viajará para o pequeno vilarejo de Castelgandolfo, ao sul de Roma, onde ficará durante o processo de escolha de seu sucessor.
Por Reinaldo Azevedo – Revista VEJA
Comentários