O Ofício das Trevas (matutina tenebrarum) é uma liturgia cristã relacionada à Paixão de Cristo, que existe desde o século XIII. É o ofício das matinas e laudes de quarta, quinta e sexta-feira da semana santa.
Canta-se este ofício geralmente após a meia-noite, madrugada (matinas) ou ainda logo ao amanhecer (laudes)… e por isso o auxílio das luzes de velas torna-se indispensável.
O nome deriva-se de três situações de trevas:
1 – As trevas naturais de meia-noite ao amanhecer, ou seja, as horas destinadas à recitação do ofício, lembrando as palavras de Cristo preso nas trevas da noite: “Haec est hora vestra et potestas tenebrarum” (“Esta é a vossa hora e do poder das trevas.” Lc 22, 53).
2 – As trevas litúrgicas, quando durante as cerimonias da paixão apagam-se todas as luzes na igreja, exceto uma, a luz de Cristo!
3 – As trevas simbólicas da paixão.
A ação desta liturgia exige silêncio e orações para mergulhar no mistério da paixão de Jesus. Ele junta lições e salmos em um belíssimo texto retirado do breviário e rezado junto com a comunidade. Durante os séculos houve muitas formas musicadas, inclusive não apenas na forma gregoriana, mas também na forma de música clássica.
No coro da Igreja é colocado um candelabro de formato triangular, conhecido como “tenebrarum”, com 15 velas alinhadas. Uma delas é de cor branca e todas as outras são feitas de cera amarela e comum, como sinal de luto e pesar.
No final de cada um dos Salmos que vão sendo cantados, o cerimoniário apaga uma das velas. Ao mesmo tempo, as luzes da igreja vão sendo apagadas também. As velas são apagadas sucessivamente, até restar apenas uma, a branca. Esta vela não é apagada. Continua acesa e é levada para atrás do altar.
As velas que vão se apagando representam os discípulos, que pouco a pouco abandonaram Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Paixão.
A vela branca escondida atrás do altar e, mais tarde, outra vez visível, significa Nosso Senhor que, por breve tempo, se retira do meio dos homens e baixa ao túmulo, para reaparecer, pouco depois, fulgurante de luz e de glória.
No fim, apagam-se as luzes para simbolizar o luto da Igreja e a escuridão que baixou sobre a terra quando Nosso Senhor morreu.
O ruído de matracas no fim do ofício de trevas significa o terremoto e a perturbação dos inimigos, e recordam a desordem que sucedeu na natureza com a morte de Nosso Senhor.
Este rito remonta, portanto, ao tempo em que ainda não havia ofícios metodicamente organizados ou quando havia, conforme a estação do ano, mudança no número de salmos.
O Ofício das Trevas mostra, de forma bastante clara, a figura do Servo sofredor e, junto d’Ele, nos colocamos rezando e meditando sobre os sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz.
Fonte: donzeladarc.blogspot.com
Uma circular da Congregação para o Culto Divino, no ano de 1988, equipara a recitação conjunta do Ofício de Leituras e Laudes na quinta, sexta e sábado santos, conforme o rito romano moderno, com o Ofício das Trevas do rito romano tradicional.
De fato, o Ofício das Trevas nada mais é do que essas duas horas canônicas conjuntas (no rito tradicional, o Ofício de Leituras era Matinas) nos dias assinalados acima, recitadas com uma série de cerimônias tradicionais, como o apagar das velas, o streptus etc.
A única dificuldade seria como conciliar a cerimônia do apagar das quinze velas com o rito moderno, uma vez que são agora apenas seis salmos. O Mons. Peter Elliott, em seu “Ceremonies of the liturgical year”, da Ignatius Press, no capítulo sobre o Tenebrae, sugere a seguinte combinação: apagar duas velas após cada um dos três salmos do Ofício das Leituras, uma vela após cada um dos dois responsórios do Ofícios das Leituras, e, finalmente, duas velas após cada um dos três salmos das Laudes, permanecendo só a última, a ser apagada no fim do Ofício conjunto.
Também as rubricas da Liturgia das Horas no rito moderno permitem acrescentar os textos antigos, dado que, por razões pastorais, o Ofício de Leituras sempre pode ser expandido.
Fica aí a sugestão para os que querem organizar uma recitação em público do Ofício das Trevas segundo a forma ordinária na próxima Semana Santa. Peguem seus breviários (em latim ou vernáculo), e façam. Usem as regras para a combinação do Ofício de Leituras com Laudes, que constam na IGLH e nas rubricas, e as sugestões do Mons. Elliott, e mãos à obra!
Fonte: www.salvemaliturgia.com
Saiba mais em:
http://historiasylvio.blogspot.com/2018/03/oficio-das-trevas.html
https://domvob.wordpress.com/2013/03/25/especial-semana-santa-voce-conhece-o-oficio-de-trevas/
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