Os profetas já tinham anunciado…
“Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. ”(Is 11,1).
“O próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7, 14).
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma Luz… um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre os seus ombros, e ele se chama: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Príncipe da Paz” (Is 9,1-7)
E o profeta dá uma amostra do Reino a ser implantado por esse Menino Deus:
“Então o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se confraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente. Não se fará mal nem dano em todo o meu Santo Monte.” (Is 11, 1-9)
O Natal é a festa do amor de Deus pelo homem. Para salvar a criatura amada, Ele mesmo se faz homem, assumiu a nossa frágil natureza, sem perder a divina, e veio resgatar o que estava perdido. A humanidade tinha uma dívida impagável com Deus; e nenhum homem poderia pagar este resgate. Esse Homem tinha que ser ao mesmo tempo homem e Deus, para ser a ponte – o Pontífice – entre Deus e o homem. O rio do pecado havia derrubado a ponte da comunhão da humanidade com Deus.
Jesus veio pagar a nossa dívida. O Redentor, assumindo a natureza humana, se tornou o único Mediador entre Deus e o homem. Em virtude da natureza humana Ele pode morrer; em virtude da natureza divina pode ressuscitar e nos devolver a vida eterna para a qual fomos criados.
Aquele que nasceu na terra é o mesmo que foi gerado desde toda a eternidade, consubstancial ao Pai e ao Espírito Santo, “Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”!
Depois que o Verbo de Deus se fez homem, ninguém mais pode duvidar do amor de Deus pela humanidade. Seria blasfêmia. O Deus infinito se fez limitado, o Rei do universo se fez escravo, o Soberano das nações se fez pobre para nos enriquecer, o Imortal assumiu a nossa morte para destruí-la…
Na criancinha do estábulo somos levados a adorar a divindade e a vislumbrar a glória do Pai que está no Filho, e que foi concebido no seio da Virgem Maria, pelo poder do Divino Espírito Santo.
São Leão Magno num de seus mais belos sermões de Natal, relembra a nossa grandeza: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade, e, já que foste feito participante da natureza divina, não queiras voltar à antiga vileza com procedimentos indignos de tamanha nobreza”.
Jesus nasceu para nos transladar para o Reino da luz , do qual é preciso começar a participar já nesta terra. Então, diante do Presépio, o batizado deve se lembrar que, ao ser regenerado na pia batismal, se tornou o templo vivo da Trindade Santa e que, portanto, não pode mais cometer más ações que expulsem Deus de sua alma, e o faz submeter-se, de novo, à escravidão do diabo.
Diante da manjedoura, que cada um renuncie às obras da carne (Gl 5,19). Somente assim as alegrias do Natal serão verdadeiras e não uma mera comemoração externa de um fato histórico.
São Leão Magno frisa no seu Sermão que: “Nasceu hoje o nosso Salvador”. Este “hoje” quer dizer que a mesma eficácia salvífica que o acontecimento de Belém trouxe ao mundo, acontece “hoje” para aqueles que participam desta Festa através da liturgia. Os atos salvíficos de Cristo se realizam novamente, dando à alma fiel as graças do Natal. O Redentor repete a cada um o que foi dito através do profeta Isaías: “Aqueles que esperam em mim não serão jamais confundidos” (Is 49, 23).
O Menino-Deus nascendo numa pobreza total vem nos ensinar que não são os bens terrenos a fonte da felicidade verdadeira, e nos convida a conquistar um reino de eterna felicidade, destino e grandeza de quem foi criado à imagem e semelhança de Deus.
O silêncio da gruta santa de Belém, bem longe do barulho de uma civilização hedonista e materialista, chama-nos à adoração e à meditação. Naquela gruta pobre e simples, encontramos os melhores modelos de justiça e santidade: Jesus, José e Maria.
A transcendência do Natal nos convida a nos colocarmos a serviço deste Menino, que veio para implantar entre nós o Seu Reino de paz, amor, justiça, verdade, santidade e liberdade; que são os nossos maiores anseios. Por isso, a melhor maneira de viver bem o Natal é comprometendo-se com Jesus a trabalhar pelo seu Reino, através da Igreja, com amor puro e reta intenção.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br
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