INTRODUÇÃO: Noções Gerais
Os Cantos Litúrgicos da Santa Missa devem respeitar cada um de seus Ritos: Ritos Iniciais, da Palavra, Rito Eucarístico, Rito de Comunhão e Ritos Finais.
Devem ser cantos originais, jamais plágios, paródias ou cópias de cantos não católicos. De preferência, eles devem ter aprovação da Igreja.
Por exemplo, um erro grave ainda muito cometido em algumas paróquias é o seguinte canto do Pai Nosso: “Ó Pai Nosso, Tu que estás nos que amam a verdade, faz o reino que é teu Senhor…”. Este canto é uma paródia da música tema do filme “A primeira noite de um homem”. Outra parória pode ser constatada no canto: “É santo, cheio de glória, ó hosana nas alturas. Bendito, aquele que vem entre nós trazendo a mensagem…”. Este canto é uma paródia da música “Hey Jude”, dos Beatles.
Na liturgia, classificamos os cantos em dois grandes grupos:
Os que ACOMPANHAM O RITO e os cantos que são o PRÓPRIO RITO.
Os que acompanham o desenrolar de um rito são, por exemplo, a procissão de entrada, comunhão, ofertório.. Já os que são os próprios ritos são, por exemplo, o ato penitencial, santo, glória…
Os cantos que acompanham um rito devem obrigatoriamente se encerrar ao término do rito (por exemplo, quando a última pessoa terminar de comungar, o canto deve ser finalizado).
Já os cantos que são propriamente os ritos devem ser cantados por inteiro.
PROCISSÃO DE ENTRADA:
Significado Litúrgico – Deus caminha ao nosso encontro: esse é o sentido da procissão de entrada.
Em passagens bíblicas diversas vemos o povo de Deus caminhar, seja em busca da terra prometida, seja em busca da libertação, seja a caminho de Jerusalém, seja ao encontro de Jesus. É por isso que, de pé, aclamamos a Cristo, na presença do sacerdote, que vem ao nosso encontro, com toda sua majestade, seu poder e sua autoridade, para celebrarmos juntos os mistérios do sacrifício da missa.
Quem preside o ato litúrgico é o próprio Cristo, que se une a nós e se oferece a si mesmo e ao Pai em nosso favor. O Sacerdote, após vestir-se para celebrar a Missa, já não é mais ele mesmo que está ali, mas o próprio Cristo!
Independente dos méritos do Sacerdote, apesar de seus pecados: é o próprio Cristo quem celebra a Missa! Cristo faz do padre um instrumento a seu serviço, pois isto independe da nossa condição de pecadores, independe de nossas limitações, independe de nosso estado físico, mental, espiritual: é o poder de Deus que vem até nós e nos faz conduzir ao Pai.
E o que o padre consagrar é verdadeiramente o Corpo de Cristo, mesmo que os fieis não tenham fé, mesmo que o padre não tenha fé, mesmo que todos duvidem, pois a realização desse milagre não está condicionada à nossa fé, à nossa natureza humana: vem de Deus, é Sacramento ordenado por Cristo: “Fazei isto em memória de mim…” Jesus cumpre suas promessas sem estar condicionada à fé do homem.
Este canto acompanha o Rito da Procissão de entrada e, por isso, deve ser encerrado ao término desta procissão.
Para que um canto seja corretamente considerado canto de entrada, este deve expressar a alegria de estarmos reunidos para celebrar os mistérios de nossa salvação. Deve trazer os temas do tempo do ano litúrgico em que estiver a igreja, por exemplo: no tempo pascal deve falar sobre a ressurreição; no tempo do natal deve falar sobre a encarnação e o nascimento de Cristo; no tempo do advento deve falar sobre a expectativa da espera da vinda do Salvador; no tempo da quaresma deve falar sobre penitência e mudança de vida ou sobre a campanha da fraternidade; no tempo comum pode falar de vários temas.
ATO PENITENCIAL ou Kyrie:
Significado Litúrgico – O ato penitencial, também conhecido na liturgia antiga como Kyrie eleison, pode ser comparado a um capacho posto à entrada de um recinto. Assim como limpamos a sujeira da sola do calçado, semelhantemente, no ato penitencial, recebemos o perdão de todos os pecados veniais: a impureza adquirida no dia-a-dia, que nos torna indignos de participar do banquete da eucaristia. Os pecados mortais exigem o sacramento da confissão.
Este canto é o próprio rito de ato penitencial e deve ser cantado integralmente, devendo obrigatoriamente conter as frases: SENHOR PIEDADE (ou Kyrie eleison) e CRISTO PIEDADE (ou Christe eleison). Caso contrário, o canto estará liturgicamente errado.
HINO DE LOUVOR:
Significado Litúrgico – O hino de louvor, ou glória, expressa o louvor de toda a criatura ao Criador, do homem remido ao Salvador e do homem imperfeito ao Consolador, relembrando os pontos principais de todo o mistério de nossa salvação em Jesus Cristo. Este canto deve fazer o verdadeiro louvor, assim como disse São Paulo, o louvor que glorifica Deus pelo que ELE É e não pelo que Ele faz.
Este canto é o próprio rito de hino de louvor e deve ser cantado integralmente.
Por isso, para este canto ser considerado corretamente como hino de louvor, este deve obrigatoriamente conter toda a oração do hino de louvor: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados. Senhor Deus, Rei dos céus, Deus Pai Todo-Poderoso nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos, nós Vos damos graças por Vossa imensa glória. Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai, Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Vós que tirais os pecados do mundo, acolhei a nossa súplica, Vós, que estais à direita de Deus Pai, tende piedade de nós, só Vós sois o Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo Jesus Cristo, com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amém”.
É falsa, portanto, a ideia de que apenas basta ter as invocações de “Glória ao Pai, Glória ao Filho e Glória ao Espírito Santo”, para que um canto seja verdadeiro hino de louvor. Com isso, podemos constatar que é um ERRO LITÚRGICO bastante comum em inúmeras paróquias e em inúmeros grupos de canto, a substituição da recitação do hino de louvor por cantos que não o contenham integralmente.
Obs: Durante o tempo da quaresma e do advento não se canta o hino de louvor, pois são tempos litúrgicos de penitência e de contrição, não de festa.
PROCISSÃO DA BÍBLIA:
Significado Litúrgico – Na missa celebramos a Palavra e a Eucaristia. A Palavra é a Bíblia: revelação do amor de Deus, fonte de salvação, o Verbo de Deus que, na liturgia eucarística, tornar-se-á carne que habitará entre nós (ler o capítulo 1º e 6º do evangelho de João). Portanto, a Palavra é o próprio Deus que se revela ao homem, e é por isso que a aclamamos de todo coração e de toda alma.
Podemos dizer que este canto não faz parte “oficialmente” da liturgia, sendo portanto falcultativo, não devendo ser regra constante, apenas em ocasiões excepcionais. Geralmente é usado em missas solenes, ficando a critério do grupo de liturgia e do pároco.
Deve aclamar a chegada da palavra de Deus, a qual deve ser trazida em procissão, devendo ser usada a própria Bíblia, ou o Lecionário ou o Evangeliário.
Este canto acompanha o rito da procissão da Bíblia e, por isso, deve ser encerrado ao término desta procissão.
SALMOS DE RESPOSTAS (ou responsoriais):
Significado Litúrgico – Os salmos, em número de 150, são partes integrantes da liturgia da Palavra. Sempre estão em concordância com a primeira leitura, sendo uma resposta aos apelos desta, ou seja, o salmo é responsórial porque o povo, após ouvir a palavra de Deus na 1ª leitura, responde em concordância com o que acabou de ouvir.
A palavra salmo significa oração cantada e acompanhada de instrumentos musicais, originária das poesias colhidas da fé do povo israelita. É por isso que todo salmo deve ser cantado e toda a assembléia deve responder cantando com um refrão.
O salmo de resposta é parte integrante e insubstituível da liturgia da palavra, aliás tem estreitas ligações teológicas com a 1ª leitura e existe, o salmo, como exclusiva resposta a ela, como já foi exposto acima. É por isso que nenhum grupo de canto tem a autoridade de modificar o salmo do dia.
O salmo de resposta deve ser SEMPRE cantado, pois o mesmo é um canto originário do povo israelita. Quando o coro não souber a melodia do salmo, o grupo deve adaptar a letra a outra melodia já conhecida.
Como o nome também sugere, o salmo deve ter uma resposta do povo, onde o refrão deve ser cantado pelo povo.
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO:
Significado Litúrgico – O Evangelho é o próprio Cristo que nos vem falar a boa notícia. É por isso que, de pé, na posição de quem ouve o recado para ir logo anunciá-lo, todos nós aclamamos a Cristo que vem anunciar suas palavras de salvação, cheios de imensa ALEGRIA.
Este canto é o próprio rito de aclamação ao evangelho e deve ser cantado integralmente.
Para que um determinado canto possa ser considerado como canto de aclamação ao evangelho, este deve obrigatoriamente conter a palavra ALELUIA, que significa alegria, exceto no tempo da quaresma onde este aleluia é vetado, em virtude do forte tempo de penitência e contrição.
PROFISSÃO DE FÉ (ou credo, ou creio):
Significado Litúrgico – A oração do Credo expressa os principais dogmas (princípios de fé) da igreja Católica Apostólica Romana. Nele está contida toda a essência de nossa fé.
Existem basicamente 2 modelos: o mais comum e curto, recitado na maioria dos domingos, chama-se Símbolo dos Apóstolos; o mais completo e longo, reservado para ocasiões especiais, chama-se de Símbolo Niceno-Constantinopolitano, por causa dos concílios ecumênicos de Nicéia-Constantinopla, que explicita mais minunciosamente os princípios da fé católica.
A partir do século II, a fé católica foi posta à prova através de 3 principais heresias relacionadas à Trindade Santa, chamadas de Arianismo, Monarquianismo e Macedonianismo. Essas controvérsias foram totalmente esclarecidas pelos concícios de Nicéia I (325 d.C.) e Constantinopla I (381 d.C.), cujas conclusões foram as seguintes:
– Igualdade de natureza do Filho com o Pai. Jesus é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.
– Fixação da data da Páscoa a ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera (hemisfério norte).
– Estabelecimento da ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalém.
– A confissão da divindade do Espírito Santo, e a condenação do Macedonismo de Macedônio, patriarca de Constantinopla. “Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos profetas”. “Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a mesma glória”(DS 150).
– Condenação de todos os defensores do arianismo (de Ário) sob quaisquer das suas modalidades.
– A sede de Constantinopla ou Bizâncio (“segunda Roma”), recebeu uma preeminência sobre as sedes de Jerusalém, Alexandria e Antioquia.
A Profissão de Fé pode ser cantada, geralmente em missas solenes, mas toda a assembléia deve conhecer bem o canto, para que ninguém fique sem cantá-lo por falta de conhecimento da melodia ou letra.
Este canto é o próprio rito da profissão de fé e deve ser cantado integralmente, sendo que a letra do canto deve obrigatorialmente possuir todo o conteúdo da oração recitada:
Símbolo dos Apóstolos
Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo; na santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna.
Amém.
Símbolo Niceno-Constantinopolitano
Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir.
Amém.
É falsa, portanto, a ideia de que apenas basta ter as invocações de “Creio no Pai, Creio no Filho e Creio no Espírito Santo”, para que um canto seja verdadeira Profissão de fé. Com isso, podemos constatar que é um ERRO LITÚRGICO bastante comum em inúmeras paróquias e em inúmeros grupos de canto, a substituição da recitação da Profissão de fé por cantos que não a contenham integralmente.
ORAÇÃO DOS FIÉIS (ou oração universal):
Significado Litúrgico – “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta…” (Mt 7,7-9).
Na oração universal, como o próprio nome já sugere, rezamos por 5 principais intenções de toda a igreja universal (o nome católico significa universal): (1) pelas necessidades da igreja; (2) pelos poderes públicos; (3) pela salvação do mundo inteiro; (4) pelos que sofrem qualquer dificuldade; (5) pela comunidade local e pelas intenções particulares.
Neste oração, o povo, exercendo sua função sacerdotal, suplica a Deus em nome de todos os homens.
APRESENTAÇÃO DAS OFERTAS:
Significado Litúrgico – No início da liturgia eucarística são levadas ao altar as oferendas que se converterão no Corpo e Sangue de Cristo: o pão e o vinho!
Assim como o 1º sacerdote do antigo testamento, Melquisedec, ofereceu ao Senhor o pão e o vinho (Gn 14,18); assim também como Cristo, na última ceia, ofereceu, ao Pai, o pão e vinho e os transformou em Corpo e Sangue seus; assim também nós oferecemos ao Senhor em sacrifício o pão e o vinho para a glória do nome do Senhor e para o nosso bem. Esse pão e esse vinho também para nós tornar-se-á Corpo e Sangue de Cristo, via de salvação, dons de vida eterna.
Devemos ter o cuidado para não confundir o rito do ofertório com as ofertas materiais: dinheiro, objetos, alimentos, os quais podem ser apresentados ou recolhidos, mas não podem tirar o brilho da apresentação do pão e do vinho que serão consagrados em corpo e sangue de Jesus Cristo.
Este canto acompanha o rito da apresentação das ofertas e, por isso, deve ser encerrado quando sacerdote termina de oferecer os dons a Deus e lava as mãos.
Nas Missas solenes, quando há o uso de incenso, este canto deve se estender até o momento após a incensação da assembléia, Corpo Místico de Cristo.
Para que um canto seja considerado como de apresentação das ofertas, este deve obrigatoriamente conter as palavras PÃO E VINHO ou deixar implícito que as ofertas que realmente importam são o pão e o vinho.
ACLAMAÇÃO AO SANTO:
Significado Litúrgico – É a aclamação pela qual toda a assembléia, unindo-se aos espíritos celestes, louvam a Deus trindade, 3 vezes santo, pois Deus é o Santo dos santos.
Este canto é o próprio rito de aclamação do Santo e deve ser cantado integralmente.
Por isso, para que um canto seja considerado canto de santo, ele deve obrigatoriamente conter todas as palavras da oração recitada, ou seja:
SANTO, SANTO, SANTO (ou seja 3 vezes santo) + BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR + HOSANA NAS ALTURAS.
PÓS-CONSAGRAÇÃO:
Significado Litúrgico – Deve ser a própria aclamação ou adaptação dela.
Quem define se esta aclamação é ou não cantada é o próprio sacerdote, o qual iniciará cantando e o povo responde também cantando. Quando o sacerdote cantar“eis o mistério da fé”, o povo deverá responder cantando de acordo com as aclamações nº 1 ou nº 2; caso o sacerdote inicie cantando “tudo isto é mistério da fé” o povo deverá responder cantando com a aclamação nº 3.
Eis o Mistério da Fé:
Aclamação Nº 1 é: Anunciamos, ó Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.
Aclamação Nº 2 é: Salvador do mundo, salvai-nos. Vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição.
Tudo isto é Mistério da Fé:
Aclamação Nº 3 é: Toda vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus Cristo e se fica esperando a sua volta.
Obs: Na Oração Eucarística existe um momento chamado de Epiclese, que é o instante onde o sacertode implora a descida do Espírito Santo para consagrar o pão e o vinho, geralmente com a frase: “Nós vos suplicamos que envieis o vosso Espírito Santo” ou “Mandai o vosso Espírito Santo”. Este é o instante em que todos se ajoelham em sinal de adoração.
Quando o sacerdote recita ou canta “Eis o Mistério da Fé” ou “Tudo isto é Mistério da Fé”, todos, antes ajoelhados desde a Epiclese, agora podem ficar de pé.
DOXOLOGIA FINAL (ou grande Amém):
Significado Litúrgico – É o amém mais importante da missa, pois finaliza com a confirmação de que “assim seja” toda a glorificação do mistério salvífico, onde tudo foi feito por Cristo, em Cristo e para Cristo, para glorificação do Pai no Espírito Santo e para o bem de toda a igreja.
Por isso, este canto deve conter, no mínimo, três vezes a palavra Amém, preferencialmente cantado.
Quem decide se a doxologia final será ou não cantada é o próprio sacerdote que iniciará cantando: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo a vós Deus Pai, todo-poderoso toda honra e toda glória agora e para sempre”, e o povo deverá responder também cantando: “Amém! Amém! Amém!”
PAI-NOSSO:
Significado Litúrgico – É a Oração que o próprio Jesus nos ensinou.
Deve ser reservado às missas solenes, pois nem todas as pessoas, muitas vezes, conhecem o canto escolhido para o Pai-Nosso, fato contrário quando este é recitado, onde todos o rezam. Para se evitar isso, esse canto deve ser exaustivamente ensaiado antes da Missa com o povo.
É um canto que é o próprio rito, devendo ser cantado integralmente.
Para que um canto seja considerado corretamente como canto de Pai-Nosso, ele deve obrigatoriamente conter toda a oração do Pai-Nosso.
Devemos abolir radicalmente o canto de músicas parodiadas, como por exemplo: “Ó pai-nosso, tu que estais nos que amam a verdade..” que é a mesma melodia da música tema do filme ‘A primeira noite de um homem‘”.
SAUDAÇÃO DA PAZ:
Significado Litúrgico – Os fiéis imploram a paz e a unidade para a Igreja e toda a família humana e exprimem mutuamente a caridade, antes de participar do mesmo pão, através de saudação com: “A paz de Cristo!”.
É considerado por alguns como inapropriado para antes da comunhão, pois dispersa o povo e desvia o clima de oração para o rito seguinte, sendo por eles colocados em outros momentos na liturgia da Missa (após a bênção final, ou após o ato penitencial, ou após a apresentação das ofertas…).
Mas a saudação da paz após a oração do Pai-nosso está liturgicamente prescrita e fica a critério de cada costume local, como também de cada rito católico aprovado pela Sé Romana (melquita, maronita…).
Não há regra específica para este canto, apenas que ele fale na paz de Deus que se deseja ao outro.
FRAÇÃO DO PÃO ou ACLAMAÇÃO AO CORDEIRO DE DEUS ou Agnus Dei (em latim):
Significado Litúrgico – Após a saudação da Paz, o Sacerdote fraciona o Pão (Corpo) e o mistura-o no Sangue.
Neste instante ocorre a união do Corpo ao Sangue de Cristo, e todos participarão integralmente da comunhão deste Corpo e deste Sangue, mesmo recebendo apenas uma das espécies.
Com esse gesto relembramos Cristo, na Ceia derradeira, bem como as celebrações das primeiras comunidades cristãs, que reunidas partiam o Pão entre si, celebrando os Mistérios da Salvação. É importante ainda lembrarmos da passagem em Emaús, onde os discípulos reconheceram o Cristo ressuscitado somente no momento da fração do pão.
Esse momento também é conhecido como a aclamação ao Cordeiro de Deus ou ao Agnus Dei, segundo a liturgia antiga.
Após o ato da fração do pão, todo o povo repete as invocação de João Batista, que mostrou ao mundo o Cordeiro de Deus, aquele que superara todos os sacrifícios, aquele que fora imolado, remindo toda a humanidade consigo: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira todo o pecado do mundo!” (Jo 1,29-36).
O termo “Cordeiro de Deus” faz alusão ao antigo ritual dos judeus que matavam, em sacrifício de louvor a Deus e em reparação de seus pecados, um cordeiro primogênito (o primeiro da cria) para a expiação dos pecados. Isso era feito periodicamente em comemoração à Páscoa (passagem) dos judeus libertos da escravidão do Egito. Este rito judeu era a imolação do cordeiro, onde este era morto, seu sangue aspergido e sua carne comida.
Veja toda a descrição deste sacrifício no livro do Êxodo, capítulo 12, versículo de 1 a 14.:
“Javé disse a Moisés e Aarão na terra do Egito: “Este mês será para vocês o principal, o primeiro mês do ano. Falem assim a toda a assembléia de Israel: No dia dez deste mês, cada família tome um animal, um animal para cada casa. Se a família for pequena para um animal, então ela se juntará com o vizinho mais próximo de sua casa. O animal será escolhido conforme o número de pessoas e conforme cada uma puder comer. O animal deve ser macho, sem defeito, e de um ano.
“Vocês o escolherão entre os cordeiros ou entre os cabritos, e o guardarão até o dia catorze deste mês, quando toda a assembléia de Israel o imolará ao entardecer. Pegarão o sangue e o passarão sobre os dois batentes e sobre a travessa da porta, nas casas onde comerem o animal. Nessa noite, comerão a carne assada no fogo e acompanhada de pão sem fermento com ervas amargas. Vocês não comerão a carne crua nem cozida na água, mas assada no fogo: inteiro, com cabeça, pernas e vísceras. Não deixarão restos para o dia seguinte; se sobrar alguma coisa, devem queimá-la no fogo.”
“Vocês devem comê-lo assim: com cintos na cintura, sandálias nos pés e cajado na mão; vocês o comerão às pressas, porque é a páscoa de Javé. Nessa noite, eu passarei pela terra do Egito, matarei todos os primogênitos egípcios, desde os homens até os animais. E farei justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou Javé. O sangue nas casas será um sinal de que vocês estão dentro delas: ao ver o sangue, eu passarei adiante. E o flagelo destruidor não atingirá vocês, quando eu ferir o Egito.”
“Esse dia será para vocês um memorial, pois nele celebrarão uma festa de Javé. Vocês o celebrarão como um rito permanente, de geração em geração.”
Com Cristo, este Sacrifício assumiu um significado novo:
Cristo, o primogênito de Deus, veio morrer em sacrifício para pagar, de uma vez por todas, o nosso pecado e nos deu sua carne e seu sangue como verdadeira comida e verdadeira bebida. Era deste cordeiro que João, o Batista, se referia: o Cordeiro de Deus!
Este canto é o próprio rito de aclamação à Fração do Pão e deve ser cantado integralmente, devendo ser iniciado justamente no instante em que o sacerdote toma nas mãos o Corpo de Cristo, fraciona-o e põe um fragmento dentro do Cálice. É pois importante que o grupo de canto esteja atento a este momento.
Por isso, para que um canto seja considerado canto de Cordeiro de Deus, ele deve obrigatoriamente conter as palavras:
CORDEIRO DE DEUS QUE TIRAIS O PECADO DO MUNDO, TENDE PIEDADE DE NÓS … DAI-NOS A PAZ.
COMUNHÃO:
Significado Litúrgico – Enquanto o sacerdote e os fiéis recebem o Corpo de Cristo, entoa-se o canto de comunhão que exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e torna mais fraternal a procissão dos que vão receber o Corpo de Cristo.
Lembremos das palavras do próprio Cristo: “Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. Quem come deste Pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a Minha própria Carne, para que o mundo tenha a vida…. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. Porque a Minha Carne é verdadeira comida e o Meu Sangue é verdadeira bebida. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue vive em Mim e Eu vivo nele” (Jo 6,51-58).
Este canto acompanha o rito da Comunhão, portanto, quando a última pessoa terminar de comungar, este canto deve ser encerrado.
Deve obrigatoriamente falar sobre a Comunhão, ou sobre o Corpo e Sangue de Cristo, ou sobre o Pão da Vida, Pão do Céu, ou qualquer outra palavra que faça alusão ao Mistério da Eucaristia.
REFLEXÃO:
Significado Litúrgico – Esse momento é dedicado exclusivamente a Deus, onde a criatura adora ao Criador, o remido louva o Salvador, o imperfeito adora o Amor em perfeição.
Após o comunhão, deve-se adotar o silêncio sagrado, onde todos meditam, louvam e rezam a Deus no íntimo do seu coração.
A assembléia pode cantar um hino que una todas as preces de louvor e adoração num só propósito.
É considerado por alguns padres como inapropriado, mas está prescrito no Missal Romano, portanto, pode ser cantado e é facultativo. Deve ser obrigatoriamente um canto onde o destinatário é o próprio Deus, ou seja, deve ser um canto que ajude no diálogo com Deus, Cristo Eucaristia.
Jamais deve ser cantado neste momento, um canto a nossa Senhora, ou cantos de apresentações teatrais, homenagens… (dia dos pais, dia das mães, aniversários…).
BÊNÇÃO FINAL:
Significado Litúrgico – A bênção final não é o fim, mas início da grande missão do cristão: Ir anunciar o Boa Nova a toda gente. A despedida da assembléia ocorre a fim de que todos voltem às suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras.
Portanto, é um momento de alegria, onde desde já se fica na ânsia de voltar à Casa do Senhor para a “pausa restauradora” , que é o Sacrifício dominical da Santa Missa.
Deve expressar a intenção do fim da Missa: O início de nossa missão no mundo, pois a Missa não se encerra com a bênção final, inicia o nosso dever de cristão:
“Ide pelo mundo e anunciai o Evangelho”.
É um canto que acompanha o rito da saída do sacerdote do presbitério.
Geralmente, no canto final, podemos cantar um canto a Nossa Senhora, quando for em tempo oportuno e em festas próprias.
Fonte: divinoespiritosanto.org – Equipe de Liturgia – Jatiúca – Maceió/AL
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