Por: João Paulo II
O GETSÊMANI
Oração de Jesus e o Sono dos Discípulos
Então saímos para o jardim e ele foi vencido pela tristeza.
Diz aos oito que se sentem enquanto vai um pouco mais longe para rezar.
Chama-nos a Pedro, Tiago e a mim (João), à parte e diz-nos:
“Minha alma está numa tristeza mortal: ficai aqui, vigiai.” (Mc 14,34)
Por que ele nos chamou, pedindo-nos que vigiássemos com ele? Será que procurava em nós piedade e conforto? Se foi assim, como nós o decepcionamos!
Por que ele nos procurou uma e outra vez, durante sua oração? Em parte, porque os pecados do mundo pesavam assustadoramente sobre seu grande coração. E procurou quem o ajudasse e o confortasse. E não encontrou um só e voltava sozinho para continuar sua luta. (Cristo, minha Vida)
“Eis aqui o que consegui: buscando consolo, encontrei amargo desconsolo. Nem sequer eles estão Comigo. Aonde mais irei?…
É verdade, Meu Pai Me dá somente o que Eu soube pedir-Lhe, a fim de que o Juízo de toda a humanidade caísse sobre Mim. Meu Pai, ajuda-Me! Tu podes tudo, ajuda-Me!”
“Eu havia levado Meus três amigos para que Me ajudassem, compartilhando de Minha angústia. Para que fizessem oração Comigo. Para descansar neles, em seu amor… Como descrever o que senti quando os vi adormecidos?
Ainda hoje, o quanto sofre Meu Coração; e, querendo encontrar alívio em Minhas almas, vou a elas e as encontro adormecidas. Mais de uma vez, quando quis despertá-las e tirá-las de si mesmas, de suas preocupações, respondem-Me se não com palavras, com obras: “agora não posso, estou muito cansada, tenho muito o que fazer, isto me prejudica a saúde, preciso de um tempo, quero um pouco de paz.”
“Pobre alma, não pôde velar uma hora Comigo. Dentro em pouco, virei e não Me ouvirás, porque estarás dormindo… Quisera dar-te a Graça mas, como dormes, não poderás recebê-la e, quem te assegura que terás força para despertar depois?…”
“Almas queridas, desejo ensinar-vos também o quão inútil e vão é querer buscar alívio nas criaturas.”
“Voltei a despertar os Discípulos, mas os raios da Divina Justiça haviam deixado em Mim sulcos indeléveis… Encheram-se de espanto ao ver-Me fora do normal e quem mais sofreu foi João. Eu, mudo… eles, aturdidos… Somente Pedro teve coragem de falar.”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Um anjo do céu vem confortá-lo porque agora ele entrava numa verdadeira agonia e seu sofrimento era tão intenso que seu suor se tornava em sangue e corria em gotas.
“Ninguém crê realmente que suei sangue naquela noite no Getsêmani, e poucos crêem que sofri muito mais nessas horas do que na crucifixão.
Foi mais doloroso porque Me foi manifestado claramente que os pecados de todos eram tornados Meus e Eu devia responder por cada um.
Assim, Eu, inocente, respondi ao Pai como se fosse verdadeiramente culpado de iniqüidade.
Eu, puro, respondi ao Pai como se estivesse manchado de todas as impurezas que vós, Meus irmãos, tendes praticado, desonrando a Deus, que vos criou para que sejais instrumentos da grandeza da criação e não para desviar a natureza que vos foi concedida…
Portanto, fui feito ladrão, assassino, adúltero, mentiroso, sacrílego, blasfemo, caluniador e rebelde ao Pai, a quem sempre amei.”
“Não podes encontrar semelhança a este gênero de sofrimento, porque o homem que peca compreende, com Minha luz, a parte que lhe cabe e, muitas vezes, imperfeitamente, não vê como é o pecado diante de Mim. Por isso, é claro que somente Deus pode conhecer o que é uma ofensa feita a Ele. No entanto, a Humanidade deveria poder oferecer à Divindade um pleno conhecimento e a verdadeira dor e arrependimento; E posso fazê-lo todas as vezes que quiser, oferecendo precisamente o Meu conhecimento que operou em Mim, Homem, com a humanização das ofensas contra Deus. Este foi o Meu desejo: que o pecador arrependido, por Meu intermédio, tivesse como apresentar a seu Deus o conhecimento da ofensa cometida e que Eu, em Minha Divindade, pudesse acolher do homem também a compreensão plena do que fez contra Mim.”
“Pai, se é possível afasta de Mim este Cálice. Mas não se faça Minha Vontade e sim a Tua”. Disse assim no cúmulo da amargura, quando o peso que caía sobre Mim era tão sangrento que Minha alma se encontrava na mais inverossímil escuridão.”
“Afasta, ó Pai, este amarguíssimo Cálice que Me apresentas e que, ao vir a este mundo, no entanto, aceitei por Teu amor. Cheguei a um ponto em que não reconheço nem a Mim mesmo. Tu, ó Pai, fizeste do pecado uma como herança Minha e isto torna insuportável Minha presença diante de Ti, que Me amas. A ingratidão dos seres humanos já Me é conhecida, mas como suportarei ver-Me sozinho? Deus Meu, tem piedade da grande solidão em que Me encontro!”
“Mas logo prossegui: É justo, Pai Santo, que Tu faças de Mim tudo o que quiseres. Minha vida não é Minha, pertence-Te toda. Quero que não se faça Minha vontade mas a Tua.
Aceitei uma morte de Cruz; aceito também a morte aparente de Minha Divindade. É justo. Tudo isto devo Te dar e, antes de tudo, devo oferecer-Te o holocausto da Divindade que, no entanto, une-Me a Ti. Sim, Pai, confirmo, com o Sangue que vês, Minha doação; confirmo, com o Sangue, Minha aceitação: Faça-se Tua vontade, não a Minha…”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Judas é um covarde e por isso beija a Jesus, como tu farias, adiantando-se e estendendo a mão a alguém, num gesto de amizade.
Jesus diz-lhe: “Amigo, a que vieste?” (Mt 26,50).
Judas entende o que ele quer dizer: por que fazes isto?
“Judas, com um beijo, entregas o Filho do homem” (Lc 22,48).
É esta a tua amizade, tu que eras meu companheiro?
Vê como ele está derramando graças na alma de Judas, como ele procura fortalecê-lo e salvá-lo? Não é a ocasião de Judas voltar-se contra a multidão, lançar-lhes no rosto o dinheiro e pôr-se ao lado do Mestre?
Pode ser tarde demais para salvar a Cristo mas não é tarde demais para Judas se salvar. (Cristo, minha Vida)
“Quantas almas Me venderam e Me venderão pelo vil preço de um deleite, de um prazer momentâneo e passageiro…”
“Almas a quem amo; vós que vindes a Mim, que Me recebeis em vosso peito, que Me direis muitas vezes que Me amais… Não Me entregareis quando sairdes depois de Me receber?”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
“Por um iníquo julgamento foi arrebatado.” (Is 53,8a)
“Levaram-Me diante de Caifás, onde Me receberam com gozações e insultos. Um de seus soldados Me deu uma bofetada. Era a primeira que recebia e nela vi o primeiro pecado mortal de muitas almas que, depois de viver em graça, cometeriam esse primeiro pecado…”
“Meus Apóstolos Me abandonaram e Pedro ficou escondido atrás de uma cerca, entre os serviçais, espiando, movido pela curiosidade. Comigo havia somente homens tratando de acumular delitos contra Mim; culpas que puderam acender ainda mais a cólera de juízes tão iníquos. Ali vi os rostos de todos os demônios, de todos os anjos maus. Acusaram-Me de perturbar a ordem, de ser instigador, falso profeta, blasfemo, de profanar o dia do sábado, e os soldados, exaltados pelas calúnias, proferiam gritos e ameaças. Então, Meu silêncio bradou, sacudindo todo Meu Corpo: Onde estais, Apóstolos e discípulos, que fostes testemunhas de Minha Vida, de Minha doutrina, de Meus milagres? De todos aqueles de quem esperava alguma prova de amor, não resta nenhum para defender-Me. Estou só e rodeado de soldados que querem Me devorar como lobos”.
Ferido, com o rosto coberto de escarros, com os olhos vendados, esbofeteado, desafiado a adivinhar quem o tinha batido, em todos estes momentos ele sempre se conservou silencioso.
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
“Contemplai-Me na prisão onde passo grande parte da noite. Os soldados vinham insultar-Me com palavras e com ações, empurrando-Me, socando-Me, zombando de Minha condição de homem. Quase ao amanhecer, fartos de Mim, deixaram-Me sozinho, preso em um lugar escuro, úmido e hediondo, cheio de ratos. Estava preso de tal modo que só podia permanecer em pé ou sentado em uma pedra pontiaguda, que foi tudo o que Me deram como assento.”
“Vamos agora comparar a prisão com o Sacrário e, sobretudo, com os corações dos homens. Na prisão passei uma noite… Quantas noites passo no Sacrário?
Na prisão Me ultrajaram os soldados que eram Meus inimigos; mas no Sacrário Me maltratam e Me insultam almas que Me chamam de Pai. Na prisão passei frio, sono, fome, vergonha, tristeza, dores, solidão, desamparo.
Via, no transcurso dos séculos, como Me faltaria o abrigo do amor em tantos Sacrários. Quantos corações gelados seriam para Mim como a pedra da prisão!
Quantas vezes teria sede de amor, sede de almas! Quantos dias espero que tal alma Me venha visitar, receber-Me em seu coração, porque passei a noite sozinho e pensava nela para matar Minha sede! Quantas vezes sinto fome de Minhas almas, de sua fidelidade, de sua generosidade!”
“Almas eleitas, contemplai o vosso Esposo na prisão. Contemplai-Me nesta noite de tanta dor, e considerai que esta dor se prolonga na solidão de tantos Sacrários, na frieza de tantos corações.”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Pela lei, os criminosos recebiam, no máximo, 39 chicotadas. No Sudário de Turim, as marcas de açoites indicam que Jesus recebeu, em posição recurvada, mais de 120 golpes em todo o corpo – costas, nádegas e pernas , exceto na região do coração.
“É tanta a violência com que Me castigam, que não restou um só lugar que não fosse presa da mais terrível dor… Caí uma e outra vez pela dor que Me causavam os golpes em Minha virilidade.”
“O pensamento de tantas almas, a quem mais tarde iria inspirar o desejo de seguir Meus passos, consumia-Me de amor.”
O açoitamento precedia sempre a crucificação.
Para executar esse horrível castigo, despiam o corpo e ver gastavam-no até que a carne pendia em talhadas sangrentas.
Vi quatro homens que se revezavam a açoitar o Senhor com azorragues. O meu coração parava só de olhar para esses suplícios; então, o Senhor me disse estas palavras: “Sofro uma dor ainda maior do que a que estás vendo.”
E Jesus deu-me a conhecer por quais pecados submeteu-se à flagelação: foram os pecados da impureza.
Oh! por que terríveis sofrimentos morais passou Jesus quando se submeteu à flagelação!
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
A Coroação de Espinhos
Mas ainda não estão satisfeitos.
Lembram-se de que este homem disse que era rei. Com o corpo rasgado pela flagelação, querem agora humilhar seu espírito com o ridículo. (Cristo, minha Vida)
Após a flagelação, os carrascos levaram-No e tiraram-Lhe as vestes, que já se tinham colado às feridas; Ao tirarem Suas vestes renovaram-se Suas Chagas.
Em seguida, cobriram o Senhor com um manto de púrpura, sujo e rasgado, jogando-o sobre as Chagas renovadas. Esse manto, apenas em alguns pontos, atingia os joelhos. Mandaram, então que o Senhor se sentasse num tronco; fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram na Sua Santa Cabeça, pondo-Lhe ainda um caniço nas Suas mãos e zombando Dele. Inclinavam-se diante Dele como diante de um rei, cuspiam no Seu rosto, enquanto outros pegavam o caniço e batiam na Cabeça, outros inflingiam-Lhe dores esbofeteando-O, ou cobrindo-Lhe o rosto, davam-Lhe murros.
Jesus suportava tudo em silêncio.
“Considerai como, com essa coroa, quis expiar os pecados de soberba de tantas almas que se deixam subjugar pela falsa opinião do mundo, desejando ser estimadas em excesso.
Permiti, sobretudo, que Me coroassem de espinhos e que assim Minha cabeça sofresse cruelmente, a fim de reparar, pela humildade voluntária, as rejeições e orgulhosas pretensões de tantas almas que se negam a seguir o caminho traçado por Minha Providência, por julgá-lo indigno de seu mérito e de sua condição.”
…à sua vista, muitos ficaram embaraçados – tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana… (Is 52,14)
Os Sudários de Turim e de Oviedo revelam vários ferimentos na cabeça, produzidos em vida, causados por objetos semelhantes a alfinetes de grande diâmetro: Uma coroa de espinhos formando uma espécie de gorro, fechado, que cobria toda a cabeça. Essa coroa, feita com uma planta muito resistente, foi incrustada a pauladas, para ficar bem presa.
Mais de 70 espinhos perfuraram o crânio, causando hematomas e sangramentos.
Finalmente, cansados da brincadeira, levam-no outra vez a Pilatos que, apesar de sua indiferença, fica chocado com o aspecto daquele homem.
“Eis aqui o homem”, diz, apresentando-o ao povo (Jo 19,4-5).
O Sudário de Turim revela a Sagrada Face com marcas visíveis de espancamento, um inchaço no olho direito, e o nariz deslocado.
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Condenação à Morte
“Não te admires se, às vezes, és julgada injustamente. Eu, por teu amor, bebi primeiro o cálice de sofrimentos não merecidos.”
“Minha filha, aqui Me vês recebendo a sentença de Pilatos, que Me condenou à morte de cruz!
Assim como Eu, tu também deves ser condenada. Mas a pena que Eu te dou é a de Me amares loucamente, assim como Eu te amo.
Se não fosse por amor não Me sujeitaria à condenação de Meu povo. E porque Meu Amor é infinito, permiti que Me levassem aos tribunais para neles ser julgado como um simples homem.
…Oh! alma que Me contemplas, grava no teu coração a Minha sentença de amor, é isto que te peço, porque amando-Me, poderás chegar à santidade.” (Jesus a Irmã Amália)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Aí está, Senhor, a Tua Cruz. A Tua Cruz – como se fosse Tua.
“Eu tinha uma Chaga profundíssima no ombro sobre o qual carreguei a Minha pesada Cruz. Honra, pois, essa Chaga e farei tudo o que Me pedires.” (Jesus a São Bernardo).
Não tinhas Cruz, vieste buscar as nossas, e ao longo de toda a estrada de Tua Paixão, um a um recebeste os pecados do Mundo inteiro.
“Enquanto Meu Coração estava abismado de tristeza pela perdição eterna de Judas, os cruéis algozes, insensíveis à Minha dor, carregaram sobre Meus ombros chagados a dura e pesada Cruz em que haveria de consumar o mistério da Redenção do mundo.”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
A Primeira Queda
“O espírito está pronto, mas a carne é fraca!
Exausto pela perda de sangue na dura flagelação, já não tinha forças para carregar a pesada cruz, porém o Amor dentro de Minha alma deu-Me novas energias e levantei-Me, carregando-a de novo. Eis a lição que te desejo dar: Quando estiveres exausta pelas fadigas da vida, procura no teu coração o amor que Me consagras, será ele a força para retomares a cruz e seguir-Me na via dolorosa.” (Jesus a Irmã Amália)
“A fadiga que sinto é tão grande, a Cruz tão pesada, que na metade do caminho caio desfalecido. Vede como Me levantam aqueles homens desumanos do modo mais brutal: um Me agarra por um braço, outro puxa Minhas vestes, que estão grudadas em Minhas feridas, tornando a abri-las… Este Me pega pelo pescoço, outro pelos cabelos, outros descarregam terríveis golpes em todo o Meu Corpo, com os punhos e até com os pés. A Cruz cai sobre Mim e seu peso Me causa novos ferimentos. Meu rosto roça sobre as pedras do caminho e o sangue que escorre por ele cai em Meus olhos, que estão quase fechados pelos golpes; a terra e a sujeira se juntam ao sangue e fico como o objeto mais repugnante.” (A Paixão)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Senhor, Tua pobre mãe me causa pena. Ela acompanha, Ela Te acompanha Ela acompanha a Humanidade em sua Via-Sacra. Anônima, caminha na multidão, mas não tira os olhos de Ti. Nenhum de Teus gestos, nenhum de Teus suspiros, nenhuma das bofetadas, nenhuma de Tuas feridas, lhe são estranhos. Ela conhece Teus sofrimentos, sofre Teus sofrimentos. E sem se aproximar de Ti Contigo, Senhor, Ela salva o Mundo. (Poemas para Rezar)
“Segui Comigo uns momentos e, a poucos passos, ver-Me-eis na presença de Minha Mãe Santíssima que, com o Coração transpassado pela dor, sai ao Meu encontro com dois objetivos:
Para recobrar nova força de sofrer à vista de Seu Deus e para dar a Seu Filho, com Sua atitude heróica, alento para continuar a obra da Redenção.
Considerai o martírio destes dois Corações. Quem mais ama Minha Mãe é Seu Filho… Não pode Me dar nenhum alívio e sabe que o fato de vê-la aumentará ainda mais Meus sofrimentos; Mas também aumentará Minha força para cumprir a vontade do Pai. Quem mais amo na terra é Minha Mãe; e não apenas não a posso consolar, como o estado lamentável em que Me vê proporciona a Seu coração um sofrimento semelhante ao Meu. Deixa escapar um soluço.
A morte que sofro em Meu Corpo, recebe-a Minha Mãe em Seu Coração!… Como se cravam em Mim Seus olhos e os Meus se cravam também nEla!
Não pronunciamos uma só palavra, mas quantas coisas dizem Nossos Corações neste doloroso olhar.
Sim, Minha Mãe presenciou todos os tormentos de Minha Paixão, que por revelação divina se apresentavam a Seu espírito…
Quando soube que já se havia pronunciado a sentença de morte, saiu ao Meu encontro e não Me abandonou até que Me depositaram no sepulcro.” (A Paixão)
“Ao encontrar-Me com Minha santa Mãe, podia como Deus largar a Minha cruz, ir ao Seu encontro e lançar-Me nos Seus braços maternos. Mas assim não fiz. Deixei-A na Sua grande dor e continuei a Minha trajetória! Será que Meu Coração foi insensível às penas de tão boa Mãe? Ah, não.”
“Assim procedi porque a lei do Amor é o Sacrifício.”
“Quando Eu te pedir um sacrifício, se ele te custar, lembra-te deste Meu generoso Amor, que não Me deixou poupar-Me, nem poupar a criatura que mais amo, Minha Mãe!” (Jesus a Irmã Amália)
“Amados filhos, como é precioso o silêncio nas horas de sofrimentos! Há almas que não sabem sofrer uma dor física, uma tortura de alma em silêncio; desejam logo contá-la para que todos o lastimem! Meu Filho e Eu tudo suportamos em silêncio por amor a Deus!” (N. Sra. a Irmã Amália)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Ia passando pela estrada, Requisitaram-no. É o primeiro que aparece, é um desconhecido.
Tu aceitas, Senhor, seu auxílio. Não quiseste nem mesmo um gesto de amor, o belo impulso de um amigo generoso para com o amigo extenuado, escarnecido. Escolheste o gesto constrangido do homem trêmulo e coagido. Senhor Onipotente, recebes a ajuda do homem impotente, Senhor, queres ter necessidade do homem.
“O que desejo que aprendas é que, quando abatida sob o peso de uma dura provação, aceites o auxílio das criaturas, lembrando-te que teu Deus não Se envergonhou de aceitar a ajuda de uma simples criatura, até mesmo quando não é feito por amor.”
“Aqueles homens iníquos, temendo ver-Me morrer antes de chegar ao fim, entendem-se entre si para buscar alguém que Me ajude a carregar a Cruz e requisitaram um homem das redondezas chamado Simão. Olhai-o, atrás de Mim, ajudando-Me a carregar a Cruz e considerai sobretudo duas coisas: Este homem carece de boa vontade; é um mercenário, porque se Me acompanha e compartilha Comigo o peso da Cruz, é porque foi requisitado. Por isso, quando sente demasiado cansaço, deixa cair mais peso sobre Mim e assim caio por terra duas vezes.
Este homem Me ajuda a carregar parte da Cruz, mas não toda a Minha Cruz…
Há almas que caminham assim atrás de Mim. Aceitam Me ajudar a carregar Minha Cruz, mas se preocupam ainda com o consolo e o descanso.
Muitas outras consentem seguir-Me e, assim, abraçaram a vida perfeita. Mas não abandonam o interesse próprio, que continua sendo, em muitos casos, seu primeiro cuidado; por isso vacilam e deixam cair Minha Cruz, quando lhes pesa demasiado.
Procuram a maneira de sofrer o menos possível, medem sua abnegação, evitam o quanto podem a humilhação e o cansaço e, talvez lembrando-se com pena daqueles que deixaram, tratam de procurar para si certas comodidades, certos prazeres.”
“Há alma que verdadeiramente ama, não conta o que sofreu e trabalhou, nem espera tal ou qual recompensa; busca somente aquilo que crê dar glória para seu Deus…
Por Ele, não regateia trabalhos nem fadigas. Não se agita nem se inquieta, nem muito menos perde a paz se se vê contrariada ou humilhada; porque o único móvel de suas ações é o amor, e o amor abandona as conseqüências e os resultados. Eis aqui o fim das almas que não buscam recompensa. A única coisa que esperam é Minha Glória, Meu consolo, Meu descanso; Por isso tomaram toda a Minha Cruz e todo o peso que Minha Vontade deseja carregar sobre elas.” (A Paixão)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Verônica
Senhor, ela Te olhou longamente, sofreu por causa de Teu sofrimento.
Não agüentando mais, abriu caminho no meio da soldadesca, e com um lenço fino enxugou Tua face. Teus traços sanguinolentos fixaram-se no lenço? Talvez. Em seu coração, com certeza.
“O amor que me levou a deixar que os carrascos desfigurassem a Minha Face, também Me levou a permitir que uma mulher a limpasse.
Esta lição de Amor te diz que por amor limpes a Minha Face tão ultrajada pelos pecadores e ingratos, também nos dias de hoje.
Com o vosso generoso amor, limpai Minha Face na alma dos pobres pecadores e em troca dar-vos-ei no Paraíso a felicidade de contemplar Minha Sagrada Face.” (Jesus a Irmã Amália)
Não choreis por mim; chorai, antes, por vós e por vossos filhos.
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
A Segunda Queda
“Alma que Me contemplas carregando o peso de todas as iniqüidades da humanidade, o Meu Coração te diz: Ama-Me e terás força de carregar a tua cruz de cada dia. E quando caída sob o peso dela, lembra-te que Eu por teu amor Me levantei, retomando a cruz para sofrer até o fim!”
“Aprende a não desanimar no caminho do Calvário, que é o caminho da tua perfeição. E se um dia sentires mais forte o peso da Cruz lembra-te de teu Jesus, que três vezes caiu e três vezes Se levantou impulsionado pelo Amor que por ti sentia o Meu Coração!” (Jesus a Irmã Amália)
“É o Meu Amor que te ensina a seres compassiva com todos, especialmente com os que sofrem!
É o amor que torna o coração sensível à vista dos sofrimentos do próximo. Além disso, deves aprender a te compadeceres dos pobres pecadores, pois foram eles a causa de Meus padecimentos e são eles a Minha finalidade. Foi para resgatar os cativos do pecado que desci ao mundo para padecer e morrer em uma cruz. Aprende a ser compassiva com os que sofrem e a amar as pobres almas que vivem no pecado, porque elas Me custaram todo o Meu Sangue!”
“As mulheres de Jerusalém choram ao ver-Me em tal estado de ignomínia. O mundo chora diante do sofrimento, porém Eu vos digo, almas que Me seguis pelo caminho estreito, que mais tarde o mundo vos verá andar por vastos prados floridos, ao passo que ele e os seus caminharão sobre o fogo que eles mesmos prepararam para si com os seus gozos.”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
A Terceira Queda
“Já estou perto do Calvário e caio pela terceira vez. Deste modo darei forças às pobres almas que, próximas da morte eterna, se enternecerão com o Sangue das feridas causadas por esta terceira queda; Esta lhes dará o auxílio da graça para se levantarem uma última vez e conseguirem a vida eterna.” (Jesus a Irmã Josefa Menéndez)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
NO CALVÁRIO
Jesus é despojado de Suas vestes
Jesus surgiu, de repente, diante de mim, despido de Suas vestes, coberto de chagas por todo o corpo, os olhos cheios de sangue e lágrimas, o rosto todo desfigurado, coberto de escarros.
“Olha o que fez de Mim o amor pelas almas humanas.” (Diário de Irmã Faustina nº. 1418)
“Só o fogo do Amor é capaz de aceitar tanta humilhação para mostrar ao objeto amado até onde chegam suas labaredas, que só são saciadas no sacrifício.”
Os persas inventaram o processo de crucifixão por motivos religiosos: Não queriam que a terra fosse contaminada com o cadáver de um criminoso, pois a terra era consagrada ao seu deus. Portanto, os que morriam na cruz não eram sepultados: o corpo era deixado para se decompor no patíbulo, à vista de todos.
Quando da morte de Jesus, os condenados naquele dia foram retirados da cruz a pedido dos judeus, pois era a festa da Páscoa.
“O meu ardente Amor permitiu tudo isto para te ensinar a despojar-te de ti mesma por Meu Amor. O amor é um fogo que purifica, por isso há de queimar todas as tuas vontades, deixando-te pura para pertenceres à Minha causa. Por amor de ti Me deixei despojar de Minhas roupas; por amor de Mim, deixa o Meu ardente Amor te despojar de todas as tuas vontades.” (Jesus à Irmã Amália)
De acordo com a lei romana, os criminosos eram flagelados e executados nus.
Acredita-se que Nossa Senhora tenha coberto a nudez de Jesus com Seu véu, antes da Crucificação.
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
“Para Mim os espinhos e para vós o perfume de Minha infinita caridade!
Para Comigo usei de todos os rigores possíveis e imagináveis, para convosco sou todo caridade! Vê, alma, o que te ensino neste caminho de sangue! Sou todo Amor! Para te demonstrar este Amor, permiti que Me dessem a morte a mais humilhante!” (Jesus à Irmã Amália)
O vinho com mirra foi oferecido a Jesus antes da crucificação para mitigar-lhe o sofrimento, assim como naquele tempo se davam bebidas inebriantes aos pacientes por ocasião de grandes operações. Mas Jesus afastou a bebida e suportou com inteira consciência as dores de ser pregado na cruz.
“Contemplai um instante estas mãos e estes pés ensangüentados… Este corpo despido, coberto de feridas, urina e de sangue. Sujo… Esta cabeça traspassada por agudos espinhos, empapada de suor, cheia de poeira e coberta de sangue…”
“Quem é que sofre assim, vítima de tais ignomínias? É o Filho de Deus!”
“Contempla teu Jesus, estendido sobre a Cruz, sem poder fazer o menor movimento… despido, sem fama, sem honra, sem liberdade… Tudo Lhe foi tirado! Não há quem se apiede e se compadeça de Sua dor! Só recebe tormentos, escárnios e zombarias!” (A Paixão).
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
O ato de fé está em que num dado momento, depois de nos havermos aproximado de Jesus – uma vez ou um cento de vezes, pouco importa – depois de termos talvez feito girar toda a nossa vida à volta Dele, ou depois do primeiro olhar – na nossa juventude ou mais tarde -, está em que, eu dizia, num dado momento vemos que Ele é o que diz ser. (…)
No momento em que, vencido, morria sobre a cruz ensangüentado, desfeito, escarnecido e aparentemente impotente, o que é que vê o bom ladrão que lhe faça dizer: “Senhor, lembrai-vos de mim quando tiverdes entrado no vosso reino”?
Nenhum ato de fé, talvez, seja mais emocionante e mais perfeito que esse, no momento em que tudo o que era humano abandonava Jesus, em que já se não vê nada mais que possa seduzir ou arrastar, nada mais, seguramente, que dê impressão de poder.
O Mestre desapareceu, já só resta a Vítima. Os apóstolos pensaram assim e fugiram. Mas não, há uma testemunha. “Senhor”, diz ele. Ouvis? Ele diz “Senhor”. “Senhor, lembrai-vos de mim quando tiverdes entrado no vosso reino”.
Hoje entrei no amargor da Paixão de Nosso Senhor Jesus; sofri tudo, em espírito. Conheci como é terrível o pecado. Deus deu-me a conhecer toda a aversão ao pecado.
Interiormente, na profundeza da minha alma, conheci como é terrível o pecado, por menor que seja; Conheci como atormentava a alma de Jesus. Eu preferiria sofrer mil infernos, a cometer ainda que fosse o menor pecado venial.
“… se tivesse bastado uma das minhas criaturas para expiar o pecado dos outros homens, com uma vida e uma morte como a do meu Filho, Eu teria hesitado. Porquê? Porque Eu atraiçoaria o meu Amor fazendo sofrer outra criatura que amo em vez de sofrer Eu próprio, no meu Filho. Eu jamais teria querido fazer assim sofrer os meus filhos.”
“… as almas dos sacerdotes e religiosos… Me deram força para suportar a amarga Paixão.
…as almas piedosas e fiéis… consolaram-Me na Via-sacra; foram aquela gota de consolações em meio ao mar de amarguras.
…os pagãos e aqueles que ainda não Me conhecem e nos quais pensei na minha amarga Paixão. O seu futuro zelo consolou o Meu Coração.
…as almas dos Cristãos separados da Unidade da Igreja… Na minha amarga Paixão dilaceravam o Meu Corpo e o Meu Coração, isto é, a Minha Igreja. Quando voltam à unidade da Igreja, cicatrizam-se as Minhas Chagas e dessa maneira eles aliviam a Minha Paixão.
…as almas mansas, assim como as almas das criancinhas… Estas almas são as mais semelhantes ao Meu Coração. Elas reconfortaram-Me na Minha amarga Paixão da Minha agonia. Eu as vi quais anjos terrestres que futuramente iriam velar junto aos Meus altares.
…as almas que veneram e glorificam de maneira especial a Minha Misericórdia… Estas almas foram as que mais sofreram por causa da Minha Paixão e penetraram mais profundamente no Meu espírito. Elas são a imagem viva do Meu Coração compassivo. Estas almas brilharão com especial fulgor na vida futura. Nenhuma delas irá ao fogo do Inferno; Defenderei cada uma delas de maneira especial na hora da morte.” (Jesus a Irmã Faustina)
“Vede-me aos pés da Cruz, assistindo à morte de Jesus, com a alma e meu coração traspassados com as mais cruéis dores! Não vos escandalizeis com o que fizeram os judeus! Eles diziam: ‘Se Ele é Deus, por que não desce da cruz e se livra a si próprio?!
Pobres judeus, ignorantes uns, de má fé outros, não quiseram crer que Ele era o Messias. Não podiam compreender que um Deus se humilhasse tanto e que a sua divina doutrina pregava a humildade.
Jesus precisava dar o exemplo, para que seus filhos tivessem a força de praticar uma virtude, que tanto custa aos filhos deste mundo, que têm nas veias a herança do orgulho. Infelizes os que, à imitação dos que crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem se humilhar!” (Nossa Senhora a Irmã Amália)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
No Calvário, Maria estava presente“Felizes aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam…”
(…) Maria havia guardado a lição.
Feliz, não a mãe, a irmã, mas aquela que escuta e guarda, aquela que crê, aquela que permanece firme.
Ela, então, estava presente. E julgo que repetiu o tempo todo sem compreender o “fiat” da primeira hora, o “fiat” de sua vocação e o de sua fidelidade, e teve de agarrar-se a ele. Era um mistério incompreensível, bem o percebeis, uma espécie de contradição aparente entre os dois seres que mais amava no mundo: o Pai e o Filho…
“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”; um dilaceramento no íntimo de sua fé, de sua esperança… E no fundo de seu coração fiel, ela cria que era bom, que estava direito, que aquilo devia acontecer, que Deus tinha razão.
(…) Ela admitia tudo, aderia a tudo, coincidia com tudo, estava ali para fazer o sacrifício supremo e dizer, não mais apenas desta vez: “Eis a serva do Senhor” (ainda era fácil), mas: “Eis o Servo do Senhor… faça-se Nele segundo a Vossa Vontade…”.
Houvera um primeiro “fiat” em sua vida, mas é o último que conta realmente. Ela se tornou verdadeiramente Mãe no Calvário, porque ninguém se torna verdadeiramente mãe senão quando dá tudo.
(…) No Calvário, ela O gerou em Sua Redenção, em Sua obra, em Sua missão própria. Ela consentiu: e tornou-se plenamente mãe. Nisto consistiu a vida daquela que melhor encontrou a Deus. (A Serva do Senhor)
“Filho Meu”, Eu ia repetindo. “Por que tanta desolação? Tua Mãe está junto de Ti. Não Te basta sequer Meu amor? Quantas vezes Te consolei em Tuas aflições? E agora, por que nem sequer Tua Mãe pode Te dar algum alívio?… Oh! Pai de Meu Jesus, não quero outra coisa além do que Tu queres, Tu o sabes; Mas vê se tanta aflição pode ter alívio; isto Te pede a Mãe de Teu Filho.”
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Morte de Jesus
“Naquela hora o mundo inteiro recebeu uma grande graça: A Misericórdia venceu a Justiça.” (Jesus a Irmã Faustina)
Tu Mo deste! Pai Divino vê que horror aquele rosto santo! Não podes enxugar ao menos tão copioso Sangue? Oh! Pai de Meu Filho; ó Esposo Amor Meu, ó Tu mesmo, Verbo que quiseste ter a Humanidade de Mim!
Sejam oração aqueles braços abertos ao Céu e à terra, sejam a súplica da Sua e Minha aceitação! Vê ó Deus, a que se reduziu Aquele a Quem amas!
É Sua Mãe que Te pede um alívio a tanta tristeza. Daqui a pouco, fica-rei sem Ele, assim se cumprirá inteiramente Meu voto quando O ofereci de coração no Templo; Sim, ficarei sozinha, mas alivia Sua dor, sem atender à Minha…
“Oh, Meu Pai… Tenho sede de Tua Glória… e eis que é chegada a hora… De agora em diante, realizando Minhas palavras, o mundo conhecerá que Tu és Aquele que Me enviou e serás glorificado. Tenho sede de Tua Glória. Tenho sede de almas… e para refrescar esta sede, derramei até a última gota de Meu Sangue. Por isso posso dizer: “Tudo está consumado”. Agora se cumpriu o grande mistério de Amor pelo qual Deus entregou ao mundo Seu próprio Filho, para devolver a Vida ao homem… Vim ao mundo para fazer Tua Vontade, oh Meu Pai. Já está cumprida! A Ti entrego Minha alma. Assim, as almas que cumprem Minha Vontade poderão dizer com verdade: “Tudo está consumado…”
Meu Senhor e Meu Deus, recebe Minha alma… Eu a entrego em Tuas amadas mãos. Pelas almas agonizantes, ofereci ao Pai Minha morte, e elas terão a Vida.
No último grito que lancei da Cruz, abracei toda a humanidade passada, presente e futura; O espasmo lancinante com o qual Me desprendi da terra foi acolhido por Meu Pai com infinito Amor e todo o Céu exultou por ele, porque Minha Humanidade entrava na Glória.
No mesmo instante em que entreguei Meu Espírito, uma multidão de almas se encontrou Comigo: quem Me desejava há séculos e séculos, poucos meses ou dias, mas todos intensamente.
Pois bem, somente esta alegria bastou para todas as penas sofridas por Mim. Deveis saber que, em memória daquele gozoso encontro, decidi assistir, e muitas vezes até visivelmente, aos moribundos.
Dou a estes a salvação, para honrar aos que tão amorosamente Me acolheram no Céu.
Assim, orai pelos moribundos, porque Eu os amo muito. Todas as vezes que fizerdes o oferecimento do último grito que lancei ao Pai, sereis ouvidos; Porque por ele Me são concedidas muitíssimas almas.” (A Paixão)
“Não creiais, no entanto, que Minha natureza humana não sentiu nem repugnância nem dor. Ao contrário, quis sentir todas as vossas repugnâncias e estar sujeito a vossa mesma condição, dando-vos exemplo que vos fortaleça em todas as circunstâncias da vida e vos ensine a vencer as rejeições que se apresentam, quando se trata de cumprir a Vontade Divina.” (Jesus a Irmã Amália)
“Depois de três horas de tormentosa agonia, meu adorável Filho morre, deixando-me a alma na mais negra escuridão! Sem duvidar um só instante, aceitei a vontade de Deus, e no meu doloroso silêncio, entreguei ao Pai minha imensa dor, pedindo, como Jesus, perdão para os criminosos. Entretanto, quem me confortou nesta hora angustiosa? Fazer a vontade de Deus foi o meu conforto; saber que o Céu foi aberto para todos os filhos foi meu consolo! Porque Eu também no Calvário fui provada com o abandono de toda consolação!” (N. Sra. a Irmã Amália)
“De novo sofreria a morte de Cruz para cada alma, ainda que fosse sofrendo mil vezes mais, pois para os condenados não há mais esperança.” (Jesus a Elizabeth Kindelmann)
Ocorreu nessa hora um grande terremoto em Nicéia. No ano IV da 202a. Olimpíada, Flégon escreveu que uma grande escuridão inexplicável aos astrônomos cobriu toda a Europa.
De acordo com Tertuliano os relatórios romanos registram uma escuridão completa e universal que afligiu o Senado então reunido e lançou a cidade em tumulto, pois não havia tempestade nem nuvens.
Os relatórios dos astrônomos gregos e egípcios registram que a escuridão foi tão intensa que até mesmo os cientistas se alarmaram. O povo gritava em pânico pelas ruas, os pássaros abrigaram-se nos ninhos e o gado procurou os estábulos.
No entanto não existe registro de eclipse que, aliás, não era esperado. Era como se o sol se houvesse retirado de seu sistema. Os relatórios maia e inca também anotam essa ocorrência, levando-se em conta a diferença de tempo.
“Tomei como símbolo um madeiro, uma cruz. Levei-o, com grande amor, pelo bem de todos. Sofri verdadeira aflição, para que todos pudessem se alegrar em Mim. Mas hoje, quantos crêem Naquele que verdadeiramente vos amou e vos ama?…” (A Paixão)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Seu Lado aberto, fonte de Misericórdia Divina
“A fonte da Minha Misericórdia foi aberta pela lança na Cruz, para todas as almas; não excluí a ninguém.” (Jesus a Irmã Faustina)
“Do meu Coração também brotaram Sangue e Água sobre vós e o poderoso Desejo com que o fiz por vós.” “(o desejo) é algo admirável e delicado que até o homem mais incapaz tem o poder de usá-lo como instrumento milagroso para salvar as almas. O importante é unir seu desejo com o precioso Sangue que jorrou do Meu Coração.” (Jesus a Elizabeth Kindelmann)
“Amados filhos, com a alma imersa na mais profunda dor, vi Longuinho traspassar o coração de meu Filho, sem poder dizer palavra! Derramei muitas lágrimas… Só Deus pode compreender o martírio desta hora, na alma e no coração!”
“A dor de ver traspassar o Coração de Jesus com a lança, conferiu-me o poder de introduzir, neste amável Coração, a todos aqueles que a Mim recorrerem”.
“Vinde a Mim, porque Eu posso vos colocar dentro do Coração Santíssimo de Jesus Crucificado, morada de amor e de eterna felicidade!” (Nossa Senhora a Irmã Amália)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Jesus descido da Cruz
“Depois depositaram Jesus nos meus braços, não cândido e belo como em Belém… Morto e chagado, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador menino, que tantas vezes apertei ao meu coração!
“Amados filhos, se Eu tanto sofri, não serei capaz de compreender vossos sofrimentos?”
“Por que, então, não recorreis a Mim com mais confiança, esquecidos que tenho tanto valor diante do Altíssimo?”
“Porque muito sofri aos pés da cruz, muito me foi dado! Se não tivesse sofrido tanto, não teria recebido os tesouros do Paraíso em minhas mãos.” (Nossa Senhora a Irmã Amália)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Abandono
Em redor da cruz reinava o silêncio; todos se tinham afastado, muitos fugiram para a cidade. O Salvador, naquele infinito martírio, mergulhado no mais profundo abandono, dirigia-se ao Pai celestial, rezava pelos inimigos, impelido pelo amor. Rezava, como durante toda a Paixão, recitando versos de salmos que nEle se cumpriam. Vi figuras de Anjos em redor dele.
Quando, porém, a escuridão cresceu e o terror pesava sobre todas as consciências e todo o povo estava em sombrio silêncio, ficou Jesus abandonado de todos e privado de toda a consolação… Jesus, inteiramente desamparado e abandonado, ofereceu-se a si mesmo por nós, fez até do abandono um riquíssimo tesouro: pois se ofereceu, com toda sua vida, seus trabalhos, amor e sofrimento e a dolorosa experiência de nossa ingratidão, ao Pai celestial, por nossa fraqueza e pobreza.
Fez testamento diante de Deus e ofereceu todos os seus merecimentos à Igreja e aos pecadores. Pensou em todos; naquele abandono estava com todos, até o fim dos séculos; e assim rezou também por aqueles que afirmam que, sendo Deus, não sentiu as dores da Paixão e não sofreu ou sofreu menos do que um homem comum em igual martírio.
Participando dessa oração e sentindo com ele as angústias, parecia-me ouvi-lo dizer que “devia-se ensinar o contrário, isto é, que ele sentiu esse sofrimento do abandono com mais amargura do que um homem comum, porque estava intimamente unido à Divindade, porque era verdadeiro Deus e verdadeiro homem e, no sentimento da humanidade abandonada por Deus, bebeu, como Deus-Homem, até o fundo, o cálice do abandono completo”.
E testemunhou por um grito a dor do abandono, dando assim a todos os aflitos, que reconheceram a Deus por Pai, a liberdade de uma queixa cheia de confiança filial. Pelas três horas, Jesus exclamou em alta voz: “Eli, Eli, lama Sabachtani!”, o que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Ana Catarina Emmerich)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Sepultamento de Jesus
“Amados filhos, quanta dor, quando tive que ver sepultado meu Filho.
A quanta humilhação meu Filho se sujeitou, deixando-se sepultar sendo Ele o mesmo Deus! Por humildade, Jesus submeteu-se à própria sepultura, para depois, glorioso, ressuscitar dentre os mortos! Bem sabia Jesus o quanto Eu ia sofrer vendo-o sepultado; não me poupando quis que Eu também fosse participante na sua infinita humilhação!
Almas que temeis ser humilhadas, vede como Deus amou a humilhação! Tanto que deixou-se sepultar nos santos Sacrários, a esconder sua majestade e esplendor, até o fim do mundo!
Na verdade, o que se vê no Sacrário? Apenas uma Hóstia Branca e nada mais! Ele esconde sua magnificência debaixo da massa branca das espécies de pão! Em verdade vos digo, não O admirais tanto quanto Ele merece, por Jesus assim Se humilhar até o fim dos séculos! A humildade não rebaixa o homem, pois Deus Se humilhou até à sepultura e não deixou de ser Deus.”
No exame do Santo Sudário de Turim, deduz-se que umas mãos bem femininas e bem delicadas terão tratado das Chagas dos membros superiores. Terá havido um cuidado especial na colocação do lençol entre as mãos. Essa pessoa delicadíssima não seria outra, certamente, senão Nossa Senhora.
Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? (Lc 24, 5b)
– Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
Ressurreição
“…e viu a pedra retirada do sepulcro” (Jo 20,1).
Aquela pedra colocada na entrada da tumba, tornara-se num primeiro momento uma testemunha muda da morte do Filho do homem. Com esse tipo de pedra se encerrava o curso da vida de tantos homens daquela época, no cemitério de Jerusalém, aliás, o arco da vida de todos os homens nos cemitérios da terra.
Debaixo do peso da pedra sepulcral, atrás da sua barreira maciça, cumpre-se, no silêncio do sepulcro, a obra da morte: quer dizer, o homem tirado do pó se transforma lentamente em pó (Jo 3,19).
A pedra, colocada na noite de Sexta-feira Santa, sobre o túmulo de Jesus, tornou-se, como todas as pedras sepulcrais, a testemunha muda da morte do homem, do Filho do homem.
O que testemunha esta pedra no dia depois do sábado, nas primeiras horas do dia? O que diz? O que anuncia a pedra retirada do sepulcro? “Não morrerei, mas hei de viver, e narrarei as obras do Senhor…
A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular. Isto é obra do Senhor; e é uma maravilha aos nossos olhos” (Sl 117).
Os responsáveis pela morte do Filho do homem “…foram e guardaram o sepulcro, selando a pedra e postando-lhe sentinelas” (Mt 27,66).
Muitas vezes os construtores do mundo pelos quais Cristo quis morrer, procuraram colocar uma pedra definitiva sobre a sepultura.
Mas a pedra permanece sempre removida do seu sepulcro; A pedra testemunha da morte, tornou-se testemunha da Ressurreição: “A direita do Senhor fez maravilhas” (Sl 117).
A Igreja anuncia sempre de novo a Ressurreição de Cristo. A Igreja com alegria repete aos homens as palavras dos anjos e das mulheres, pronunciadas naquela manhã radiosa em que a morte foi derrotada. A Igreja anuncia que está vivo Aquele que se tornou a nossa Páscoa; Aquele que morreu na Cruz revela a plenitude da vida…
Vocês todos que anunciam “a morte de Deus”, que tentam expulsar Deus do mundo humano, parem e pensem, pois “a morte de Deus” pode trazer fatalmente em si também a “morte do homem”!
Cristo ressuscitou para que o homem encontre o verdadeiro sentido da existência, para que o homem viva em plenitude a própria vida: para que o homem, que vem de Deus, viva em Deus.
Cristo ressuscitou; Ele é a pedra angular.
Já naquela época se tentou rejeitá-lO e derrotá-lO com a pedra guardada e selada do sepulcro. Mas aquela pedra foi removida; Cristo ressuscitou.
Não rejeitem o Cristo, vocês que constroem o mundo humano… Não somos mais os escravos do “medo da morte”(cf. Hb 2,15). Pois Cristo nos libertou para sempre!
João Paulo II
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