Cantar a Missa ou Cantar na Missa?
“A Santa Missa não é um show. A Celebração Eucarística não é um espetáculo. Ela é o sacrifício de Nosso Senhor, o qual se renova, atualiza-se diariamente.
Você estará lá, no ministério de música, sendo um canal para que os louvores e os momentos da liturgia aconteçam da melhor forma possível. Então, precisa conhecer a liturgia do dia, escolher as músicas apropriadas e fazer um momento de oração.”
Quando uma música é Litúrgica ou não?
Quem nos responde é o próprio Concílio Vaticano II, em 1963, há 40 anos, portanto. No capítulo VI da Constituição sobre a Sagrada Liturgia, dedicado à Música Sacra, o Concílio nos ensina o seguinte:
“A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica, quer exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados” (n.º 112).
Como se vê, o Concílio diz que a música sacra será tanto mais santa, isto é, litúrgica, “quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica”.
Este é o critério fundamental para discernir se uma música é litúrgica ou não. Em outras palavras, ela (a música) é litúrgica quando está a serviço do mistério de Deus que se celebra na liturgia. Vamos repetir: a música é litúrgica na medida em que estiver intimamente ligada à ação litúrgica. E, no caso da Missa, o que é uma ação litúrgica? São as diferentes ações que se realizam para celebrar o mistério de Deus em Cristo: Procissões (entrada, ofertório, comunhão), ritos iniciais, proclamação da Palavra, proclamação da Oração Eucarística, Comunhão, despedida, etc.
Então, uma música é litúrgica na medida em que expressar o mistério de Deus celebrado em cada uma dessas ações, sem esquecer também do tempo em que estamos (Advento, Natal, Quaresma, Tempo Pascal, Tempo Comum, Festa especial do Senhor, de Maria ou outro santo). Por exemplo, qual é o mistério de Deus que celebramos no momento de iniciar a celebração? É o mistério do Deus que nos acolhe em sua casa, nos reúne em comunidade (em assembléia) para nos comunicar sua Boa Nova e sua Vida, na Palavra proclamada e na Eucaristia celebrada.
A música deve expressar, de alguma maneira, o mistério deste Deus e a nossa oração a este Deus “hospitaleiro”; nos ritos iniciais, a música deve expressar o Deus que nos reúne e nos prepara para ouvir a sua Palavra e participar da sua Ceia. Na liturgia da Palavra, a música deve expressar o mistério de Deus que fala ao seu povo reunido, e da assembléia que fala para Deus. No ofertório, a música que acompanha a ação litúrgica deve expressar, de alguma maneira, o mistério de Deus que nos reúne em torno à sua mesa para celebrar a Eucaristia e, ao mesmo tempo, o mistério da assembléia que se coloca como oferta para Deus.
Na comunhão, a música deve expressar o mistério de Deus que entra em comunhão conosco, para entrarmos também nós em comunhão uns com os outros, em favor da vida. E assim por diante… Assim sendo, com base nesses critérios emanados pela Igreja na Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Vaticano II, aponto a seguir, para os músicos de nossas comunidades, algumas orientações práticas importantes.
ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
Em primeiro lugar, os músicos devem ter sempre em mente que são parte da assembléia. Por isso, não devem tocar nem cantar “para” a assembléia, mas “com” a assembléia. Seu papel (isto é, tocando e cantando “com” o povo presente) é dar apoio à assembléia centrada naquilo que se celebra na liturgia. O centro (no caso da missa) é a mesa da Palavra e o altar, a Palavra proclamada e o sacrifício de Cristo. Por isso, junto com a assembléia, os músicos celebrem (tocando e cantando) aquilo que acontece na mesa da Palavra e no altar do Senhor. E não outra coisa!
Conseqüentemente, que os músicos toquem e cantem (como a assembléia faz) com a atenção voltada para a Palavra e para o altar. Por isso, fiquem mais voltados para este centro de atenção, e não simplesmente “de frente” para a assembléia (como se estivessem tocando e cantando “para” o povo). Importantíssimo: os músicos tomem muito cuidado para não “roubar a cena” do mistério que se celebra na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia. Sua atuação deve antes “convergir” e levar a “convergir” para este centro. O estilo show “rouba a cena” (tira a atenção!) daquilo que é central na celebração. Isso não deve acontecer.
O mistério de Deus é o mais importante. E mais: cantem e toquem músicas que “batem” realmente com a ação litúrgica que se realiza e com o momento (e época) da celebração. Não é qualquer música, só porque é “bonita”… Como diz o Concílio, tem que ser música que esteja “intimamente ligada com a ação que se realiza”. E ainda: dentro do princípio de que a música deve estar intimamente ligada à ação litúrgica, quando termina a ação, cessa também a música. Finda a procissão de entrada, ou de ofertório, ou de comunhão, pára também a música. Nada de “espichar” o canto com as restantes estrofes que sobram.
Pois a finalidade da música sacra é acompanhar (solenizar) a ação litúrgica, celebrando o mistério. Outra coisa muito importante: evitem fazer muito barulho! Já está mais que provado: o mistério de Deus, a gente o sente é na suavidade, na calma, na serenidade, no silêncio. Por isso, os músicos – na arte de tocar e cantar – devem deixar, em primeiro lugar, o mistério de Deus “aparecer”! E é no silêncio que ele se manifesta. Por isso, privilegiem a maneira suave e silenciosa de tocar e cantar. Enfim, uma última sugestão: a música litúrgica deve ter sempre um caráter orante. Por isso, os músicos devem cantar e tocar na liturgia com espírito de oração. Orando! Sua música deve ser oração em forma de sons e acordes. Canto, sons, e acordes, tudo oração.”
Fontes: http://www.cancaonova.com/cnova/ministerio/temp/inf_txt.php?id=2286
http://www.pime.org.br/mundoemissao/teologiamissa.htm
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