(“…e o futuro da humanidade passa pela família”).
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz | Pró Vida Anápolis:
Os séculos XX e XXI apresentaram, em todos os campos, uma crise da família:
– Pelo divórcio, o matrimônio deixou de ser indissolúvel;
– Pela anticoncepção, o ato conjugal deixou de ser aberto à vida;
– Pela esterilização cirúrgica, a fecundidade matrimonial foi radicalmente atacada.
– A Constituição Federal de 1988 reconheceu a fornicação habitual (“união estável”) “entre o homem e a mulher” como “entidade familiar” (art. 226, §3º).
– Em 2011, o Supremo Tribunal Federal, resolveu, contra a Constituição, reconhecer a “união estável” de pessoas do mesmo sexo (!) como “entidade familiar”.
– Em 2012, a mesma Corte, atribuindo a si o papel de legislador, aprovou o aborto de crianças anencéfalas.
Todos esses marcos legais e judiciais foram precedidos e acompanhados de mudanças na família. Sofre-se de uma crise de identidade familiar. Ninguém sabe qual função deve desempenhar.
Outrora o marido era o chefe da sociedade conjugal, e exercia essa função “com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos” (art. 233, CC/1916).
Hoje não se aceita que a família tenha uma única cabeça.
Para se evitar o autoritarismo, acabou-se até com a tão necessária autoridade. Na ausência de um chefe, nada mais resta aos cônjuges, em caso de divergência, senão submeterem-se a um juiz da vara de família (art. 1567, parágrafo único, CC).
É o Estado invadindo a intimidade familiar.
Se examinarmos bem, nos últimos tempos, quem mais mudou dentro da família foi a mulher. Ela renunciou a sua missão de ser “um céu de ternura, aconchego e calor”. Decidiu deixar de ser coração para ser cabeça como o marido. E a família tornou-se um monstro de duas cabeças e sem coração.
A mulher envergonhou-se de ser “do lar” com seus filhos e saiu para lucrar algum “dólar” em competição com o marido.
Trocou a glória de ter muitos filhos pela vantagem de ter um alto salário.
Abandonou as saias que tão modestamente se acomodavam aos seus quadris, feitos para abrigar um bebê, e passou a vestir as apertadíssimas calças jeans, inicialmente projetadas para homens que trabalhavam em mineração. Reivindicou para si até os vícios que outrora só eram tolerados entre os homens, como o tabagismo e o alcoolismo.
Eis como ficou a mulher desfigurada, privada de sua característica própria, que é a maternidade, e fora de seu lugar privilegiado, que é o lar.
Comparemo-la com aquela descrita pelo Papa Pio XII em um discurso feito a um grupo de recém-casados em 1942, comentando um trecho da Escritura que compara a esposa ao sol da família:
A família tem o brilho de um sol que lhe é próprio; a esposa.
Ouvi o que a Sagrada Escritura afirma e sente a respeito dela: A graça da mulher dedicada é a delícia do marido. Mulher santa e pudica é graça primorosa. Como o sol que se levanta nas alturas do Senhor, assim o encanto da boa esposa na casa bem-ordenada (Eclo 26,16.19.21).
Realmente, a esposa e mãe é o sol da família.
É sol por sua generosidade e dedicação, pela disponibilidade constante e pela delicadeza e atenção em relação a tudo quanto possa tornar agradável a vida do marido e dos filhos. Irradia luz e calor do espírito. Costuma-se dizer que a vida de um casal será harmoniosa quando cada cônjuge, desde o começo, procura não a sua felicidade, mas a do outro. Todavia, este nobre sentimento e propósito, embora pertença a ambos, constitui principalmente uma virtude da mulher. Por natureza, ela é dotada de sentimentos maternos e de uma sabedoria e prudência de coração que a faz responder com alegria às contrariedades; quando ofendida, inspira dignidade e respeito, à semelhança do sol que ao raiar alegra a manhã coberta pelo nevoeiro e, quando se põe, tinge as nuvens com seus raios dourados.
A esposa é o sol da família pela limpidez do seu olhar e o calor da sua palavra.
Com seu olhar e sua palavra penetra suavemente nas almas, acalmando-as e conseguindo afastá-las do tumulto das paixões. Traz o marido de volta à alegria do convívio familiar e lhe restitui a boa disposição, depois de um dia de trabalho ininterrupto e muitas vezes esgotante, seja nos escritórios ou no campo, ou ainda nas absorventes atividades do comércio ou da indústria.
A esposa é o sol da família por sua natural e serena sinceridade, sua digna simplicidade, seu distinto porte cristão; e ainda pela retidão do espírito, sem dissipação, e pela fina compostura com que se apresenta, veste e adorna, mostrando-se ao mesmo tempo reservada e amável.
Sentimentos delicados, agradáveis expressões do rosto, silêncio e sorriso sem malícia e um condescendente sinal de cabeça: tudo isso lhe dá a beleza de uma flor rara mas simples que, ao desabrochar, se abre para receber e refletir as cores do sol.
Ah, se pudésseis compreender como são profundos os sentimentos de amor e de gratidão que desperta e grava no coração do pai e dos filhos semelhante perfil de esposa e de mãe!
Inúmeras vezes o Papa São João Paulo II disse que “o futuro da humanidade passa pela família”. Mas o futuro da família passa pela mulher.
Se a mulher, à semelhança de Maria, assumir com alegria sua missão materna de acolher a vida, podemos esperar um futuro melhor.
Oração pelo Brasil
Ó Maria concebida sem pecado,
olhai pelo nosso pobre Brasil,
rogai por ele, salvai-o.
Quanto mais culpado é,
tanto mais necessidade tem ele
da vossa intercessão.
Ó Jesus, que nada negais a vossa Mãe Santíssima, salvai o nosso pobre Brasil.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz – Anápolis, 17 de outubro de 2016.
Fonte: providaanapolis.org.br
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