A Irlanda foi além do paganismo e “desafiou a Deus” ao legalizar o casamento gay, declarou um dos mais elevados cardeais da Igreja.
O Cardeal Raymond Burke, que recentemente foi removido de um posto elevado no Vaticano para ser patrono da Ordem de Malta, declarou à Newman Society, Oxford University’s Catholic Society, na noite passada, que tinha dificuldade para compreender que “qualquer nação redefina o matrimônio”.
Visivelmente tocado, ele continuou: “Quero dizer, isso é desafiar a Deus. É simplesmente inacreditável. Os pagãos podem ter tolerado o comportamento homossexual, mas eles nunca ousaram chamá-lo de casamento”.
Um total de 1,2 milhão de pessoas votaram a favor de uma emenda à constituição que permite a duplas do mesmo sexo se casarem, contra 734.300 pessoas contrárias à proposta, tornando a Irlanda o primeiro país a introduzir o casamento gay por voto popular.
O Arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin, declarou à RTE posteriormente que a “Igreja precisa fazer uma completa revisão da realidade [e nos perguntar] se não nos afastamentos completamente dos jovens?”.
Dom Burke, falando da herança intelectual de Bento XVI, prosseguiu falando dos “abusos litúrgicos” ocorridos após o Concílio Vaticano II, após o qual ele declarou ter havido “uma abordagem radical, mesmo violenta em relação à reforma litúrgica”. Citando o Papa Bento, ele disse que o desejo de alguns fiéis pela forma antiga da liturgia surgiu porque o novo missal foi “na realidade, entendido como autorização, ou mesmo exigência, de criatividade, o que frequentemente levou a a deformações da liturgia difíceis de suportar”.
Na terça, Dom Burke celebrou Missa no Oratório de Oxford, e na quarta-feira conduziu as Vésperas e Benção pelas intenções da Ordem de Malta.
Em seguida, falando em uma conferência, Dom Burke enfatizou a continuidade entre as formas litúrgicas anterior e posterior ao Concílio. “A vida da Igreja é orgânica; é uma tradição viva transmitida em linha inquebrável desde os apóstolos”, disse. “Não admite descontinuidade, revoluções”.
Citando Bento XVI, Dom Burke declarou que após o concílio houve uma batalha entre uma hermenêutica de descontinuidade e ruptura contra a hermenêutica da reforma. Isso se deu porque a natureza e a autoridade do Concílio foram “basicamente má compreendidas”.
Aparentemente fugindo de seu roteiro, o Cardeal expressou sua própria preocupação sobre mal-entendidos a respeito do próximo Sínodo. ”Parece haver um certo elemento que pensa que o Sínodo tem a capacidade de criar algum ensinamento totalmente novo na Igreja, o que é simplesmente falso”. Ele continuou abordando o dano causado por “um antinomianismo que é inerente à hermenêutica da descontinuidade”.
Embora a conferência consistisse primeiramente em um panorama das contribuições intelectuais mais importantes do Papa Bento XVI, o Cardeal Burke adotou uma nota mais pessoal em suas respostas a questões ao término.
Respondendo a uma pergunta sobre a marginalização da fé na esfera pública, ele enfatizou o papel primordial de fortalecer a família em seu entendimento de como a fé “ilumina a vida diária”. “A cultura está totalmente corrompida, se assim posso dizer, e as crianças estão sendo expostas a isso, especialmente através da internet”.
Ele contou à platéia que estava “constantemente” orientando suas sobrinhas e sobrinhos a deixar os computadores da família em espaços abertos da casa, de modo que as crianças não “bebessem esse veneno que sai deles”.
Fonte: fratresinunum.com
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